De repente ela passa e o perfume penetra em meu pulmão.
Maravilhosa!
Mas, num instante o espanto: um abraço. Logo um beijo.
E tudo antes belo agora dilacera.
Um negro? Pergunto-me.
Talvez numa atitude racista. Mas não sou racista!
Começo a observar tudo.
Mas que roupas são essas?
Será que é africano?
Deve ser filho de Ogum, gostar de Olodum, cultuar Iemanjá.
Ah! Deixa pra lá.
Afinal negro é guerreiro, esse deve ser afro-brasileiro.
Deve sambar e batucar.
Mas o que ela viu? Indago-me.
Será a capoeira, a ginga, o berimbau?
Será a cor, o suor ou o visual?
É tudo um pré-conceito.
Escravo! Claro.
Mas não ele. Eu!
Segundos de pensamento milimetrado.
Fico abismado. É natural.
A cultura é plural.
O Brasil é o país da miscigenação.
Ele e eu, irmãos.
Escravo! Eu repito.
Ela nem estava tão cheirosa assim.
Quer saber, ela nem passou por mim.
Melhor assim.
Não quero mais ser escravo.
Vou arrancar meu nariz.
Vou ser feliz.
Pra que oxigênio?
Quero veneno!
2 comentários:
Grande texto, Rony.
Gostei muito.
Tem cadência, ritmo e conteúdo.
Valeu!
Parabéns Rony! Belo texto.
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