segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Filosofia de segunda

Há semanas venho escrevendo sobre assuntos filosóficos e, no entanto, ainda não pontuei como se deu o próprio surgimento da Filosofia. Pois bem, aí vai:

Até o século VI a.C, tanto os povos orientais, como os gregos, buscavam no Mito a explicação para o surgimento do Universo. A ordem do mundo instaurava-se por uma potência divina que preservava o equilíbrio. Um exemplo clássico é a Teogonia de Hesíodo, na qual, resumidamente, o espírito ordenador de Zeus estabeleceua ordem (o fim do Caos) e criou o Olimpo.
As explicações míticas eram consonantes com as sociedades rigidamente hierarquizadas, nas quais o déspota personificava a mediação de todas as instâncias.
Dentre os fatores mais relevantes que contribuíram para a mudança desse cenário, ou seja, para o surgimento da filosofia na Grécia, destacam-se:

1- Viagens marítimas
As viagens propiciavam o conhecimento de muitos territórios, povos e culturas. Além do mais, serviram para desmistificar os heróis e deuses que habitariam essas terras distantes nos escritos míticos.

2- A moeda
Com o uso da moeda, houve a incorporação de um valor abstrato, o que favoreceu o pensamento teórico.

3- Desenvolvimento do comércio e artesanato
O homem, agindo sobre a natureza, podia agora fazer coisas sem depender dos deuses.

4- O calendário
Até então, o tempo do homem era consonante somente ao tempo da natureza (dia e noite). Com o calendário cívico e o tempo linear, o homem o desprendeu-se do sobrenatural.

5- Aperfeiçoamento do alfabeto
É fato que os gregos não inventaram o alfabeto. Mas antes, os símbolos eram desenhos que remetiam à realidade. O alfabeto grego, ao usar sinais separados da realidade concreta para representar a realidade, contribuiu para a abstração.

6- A polis
Sem sombra de dúvida, o ponto central para o surgimento da filosofia na Grécia, foi o surgimento da polis.
Com a dessacralização da política, a palavra (em substituição a oralidade mitopoética) passa a ser o instrumento de poder: a discussão, a argumentação e o confronto explicativo passíveis do entendimento público.
As leis passam a ser “coisas” humanas e partilhadas. Surge o conceito de comunidade cívica e o cidadão passa a pertencer ao sistema de normas racionais.
Com a dessacralização do saber, o cosmos e o surgimento do universo são objetos da análise racional; problemas que devem ser resolvidos unicamente pela razão.

Nasce a filosofia, então. Seu patrono é Tales. Mas isso fica para uma próxima oportunidade.

2 comentários:

Anônimo disse...

E ai filhão!! Gostei do seu Blog... Vou passar +++ vezes por aki....um grande abraço do seu amigo Rogério Zuza "CABRITÃO",Rs...

Unknown disse...

adoreii cabeça, vou passar mais vezes por aqui tbm!