sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Conto mais

Toda sexta, vamos publicar um conto, uma poesia, uma crônica, enfim, um texto bacana para entreter o nosso fim de semana. Se você gosta de escrever, envie seus textos pra nós (oqueinspira@oqueinspira.com). Os mais bacanas, nós publicamos.
Esse poema, de minha autoria, retrata um pouco de um cara que acaba de se descobrir.

Ser difuso

Embriagado de um silêncio áspero,
O antes já não cabe em seu tempo.
A ausência, roxa e fria,
De um EU senhor de si,
Rasga o peito, esmaga o hoje.

Oh, Natureza meticulosa!
Madrasta!
Despida, traz o véu entre os seios,
Astuta, tortura-me no belo,
Na simples complexidade dos filhos.

Estou aqui! Estava? Estanque.
Da boca que jorrava versos cálidos,
Que vacilava entre o sim e o talvez,
Hoje sobra repulsa, expulsa o sabor.
Aos braços, que carregavam o futuro,
Cabe juntar o entulho, o esqueleto da verdade.

Encontro-me nos outros,
Semelhantes tão diferentes
Quanto o que deve ser feito
E o feito de fato.

Ao espelho,
O resto de mim.

Descoberto.

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