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quinta-feira, 21 de outubro de 2010
Mundo Laranja. Por uma vida mais viva.
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quarta-feira, 13 de outubro de 2010
Dois artigos interessantes sobre a sujeira do debate eleitoral
Sobre Aborto e Política
Ronaldo Correia de Brito (portal Terra)
A empregada de nossa casa votou em Marina Silva. É o que suponho, pois ela sempre se atrapalhou com o nome da candidata. Estranhei a escolha. Antes, ela havia jurado que não votaria em Marina, pois um evangélico de verdade não se ocupa com política, apenas com as coisas de Deus.
Em Pernambuco, o deputado estadual mais votado foi Cleiton Collins, radialista e pastor da Igreja Assembléia de Deus. Em segundo lugar, o presbítero Adalto, da mesma igreja. Nossa empregada evangélica falou que eles não são pastores de verdade e que não se ocupam das coisas de Deus. Adalto lembra o ator Tony Curtis, que acaba de morrer. Não sei se ele cuida das coisas de Deus, mas da aparência ele não descuida.
Marina Silva é do Partido Verde, recebeu quase vinte por cento dos votos para presidente e poderá ser o fiel da balança na disputa do segundo turno. Se ela tiver um mínimo de coerência não apoiará nenhum dos dois candidatos, pois atacou frontalmente as políticas de ambos e a falta de programa de governo. Mas não existe coerência em política, a não ser nos livros do filósofo Platão. Talvez nem mesmo neles.
Um membro do Partido Verde se preocupa com a causa indigenista e a preservação da cultura desses povos. Entre os índios, é comum a prática de aborto, faz parte da cultura. Marina Silva é evangélica e, portanto, contra o aborto. Como ela trataria essa questão como presidente e membro do Partido Verde? Ela aceitaria que as índias continuassem a fazer aborto, pois é próprio da cultura indígena e proibiria o aborto ao restante das mulheres brasileiras?
Dilma Rousseff manifestou-se a favor do aborto, mas essa posição terá de ser revista, pois leva à perda de votos junto às igrejas católicas e evangélicas. Os pastores, que só deveriam cuidar das coisas de Deus segundo nossa empregada, se elegem com os votos dos fiéis e fazem campanha contra o aborto. Os padres católicos não casam, supostamente não têm vida sexual, desconhecem as angústias de uma gravidez indesejada - também supostamente -, mas são contra o aborto.
José Serra já foi ministro da saude e conhece as estatísticas de mais de um milhão de abortos clandestinos praticados no Brasil todos os anos. Também sabe do elevado número de mortes, sobretudo em mulheres jovens, secundárias a esses abortos clandestinos. Mesmo assim, o candidato José Serra assume a postura conservadora de ser contra o aborto.
Nossa empregada também acha que os candidatos à presidência do Brasil não deveriam se ocupar das questões de Deus. O aborto é uma questão de saude pública, mais grave nos estados do norte e nordeste, onde é menor a educação e existe menos acesso aos meios para o controle da natalidade. Os abortos clandestinos continuarão sendo feitos, com todos os riscos de morte inerentes a essa prática, mesmo que padres e pastores vociferem e ameacem com o fogo eterno da Geena.
Não é necessário que a essas vozes, supostamente de Deus, some-se a dos políticos de olho nos milhões de votos de católicos e evangélicos. A discussão do aborto precisa sair do plano sobrenatural para o real, do religioso para o da ética. Sem mentira, sem falsidade, sem hipocrisia. Deixem as mulheres falarem, elas que são as maiores vítimas desse jogo entre poder religioso e laico.
Nem todos que dizem 'Senhor' entrarão no reino dos Céus
Ronaldo Correia de Brito (portal Terra)
Vi de leve um guia eleitoral na TV e notícias sobre a campanha dos candidatos à presidência. Bem de leve porque os discursos e a campanha publicitária ferem nossa sensibilidade e inteligência. O tom maniqueísta lembra os filmes de Glauber Rocha: O dragão da maldade contra o santo guerreiro e Deus e o Diabo na terra do sol. Embora José Serra se alardeie o representante do bem, beije uma cruz de Cristo pendurada no pescoço e saude a nação brasileira cristã; embora Dilma Rousseff assista missa na basílica de Aparecida e confesse ser devota de Nossa Senhora, tudo soa falso e da mais pura hipocrisia.
Os dois candidatos - cristãos de última hora -, orientados às pressas pelos marqueteiros de olho nos votos "religiosos", desconhecem os Mandamentos e o Evangelho de Mateus. Ignoram que não devem jurar o santo nome de Deus em vão e que a mão esquerda não deve saber o que faz a mão direita. Ao contrário, eles exibem diante das câmeras as ações da mão direita, alardeiam-nas, pois o único fim de seus atos falsamente puritanos é parecerem devotos, piedosos, praticantes do evangelho. - Sepulcros caiados! Lobos vestidos em pele de cordeiro! - gritaria o Cristo, expulsando os vendilhões do Templo.
É inconcebível esse retrocesso ao medievo católico ou ao fundamentalismo evangélico, quando em todas as democracias do mundo o Estado busca se desvincular da Igreja. Basta o exemplo da teocracia islâmica do Irã, onde os direitos democráticos mais elementares não são respeitados e as questões laicas são tratadas como se fossem questões de Deus. Nessa campanha, a política brasileira dá uma guinada para trás, permitindo a intromissão de um poder religioso na decisão eleitoral.
Somente numa democracia como a nossa, que de tempos em tempos sucumbe às ditaduras e que mal se refez do Estado Novo e do Golpe Militar de 64, é possível uma campanha com tamanho maniqueísmo e terror. Somos amedrontados a não votar em 'tal' candidato pelo risco de perdermos a liberdade de imprensa, de uma nova ditadura no molde stalinista, pela concentração do poder em certo partido, e etc., etc., e etc., num jogo político inconcebível num país de cidadãos livres. Existe coisa parecida nas eleições americanas? Os democratas apregoam que os republicanos querem se instalar no poder eternamente? Ou vice-versa? A resposta é não, porque os americanos possuem uma democracia estável.
É uma pena que as eleições não sirvam de oportunidade aos debates sobre educação, saude, desigualdade social e corrupção. Assistimos o vergonhoso circo de candidatos chafurdando em questões de foro íntimo, que nada têm a ver com as mazelas sociais brasileiras, manipulando a fé das pessoas, fazendo promessas impossíveis de cumprir.
A teoria da mestiçagem de Gilberto Freyre não consegue explicar nossa vocação pacífica, que vez por outra explode em arroubos violentos, quase sempre individuais, muito poucas vezes ações coletivas, politizadas, refletidas. Em meio à bem sucedida mistura de raças, tão alardeada, manifestamos um individualismo que nos torna frágeis e manipuláveis. Presas de candidatos que transformam o voto de livre arbítrio em vontade de Deus.
quarta-feira, 22 de setembro de 2010
O Oráculo do Sexo estará no Fuzuê amanhã
Amigos! Amanhã estarei no Programa Fuzuê da Difusora FM - 91.3, às 15 horas. Sintonizem e vejam o que eu tenho a dizer.
O resultado do concurso: "O que significa kinambauê para você?" sairá no programa.
Kinambauê!
quarta-feira, 15 de setembro de 2010
QUE DEMOCRACIA?
Ainda bem que vivemos num país democrático, comemoram muitos.
Mas, quantos destes já pararam para pensar: o que é, de fato, a democracia?
Etimologicamente: democracia origina-se do grego. Demos significa povo e cratos, força, poder, por conseguinte, governo. O dicionário moderno não foge à origem da palavra: regime de governo onde o poder de tomar importantes decisões políticas está com o povo. De fato, na Grécia Antiga era assim. Os cidadãos em praça pública tomavam as decisões que diziam respeito à pólis. Política e Ética eram indissociáveis. Logo, governar, necessariamente, visava o bem comum.
Claro que eram outros tempos; as cidades eram infinitamente menores. Mas, será por isso, que nem resquícios desse sistema chegaram até nós? Enriquecemos a questão ao analisarmos algumas sociedades indígenas contemporâneas ainda não contaminadas pela cultura branca (principalmente a Xingu). Lá, o chefe não manda (na acepção que temos do termo). O cacique é aquele que conhece a história, a cultura, as tradições, e transmite isso ao seu povo. É o grande mediador de conflitos. Não dá ordens porque não há delegação de poder. Sem delegação de poder não há repressão. Sem repressão não pode haver dominação de um grupo por outro grupo, ou de um indivíduo por outro. Isso aponta na direção das utopias: uma sociedade que não precisa ter poder. E proporciona uma vivência para nós quase inimaginável: alguém nascer e morrer sem receber uma ordem sequer. O índio, na força de sua cultura, é um ser absolutamente auto-suficiente. Sabe fazer tudo de que precisa para viver – plantar, caçar, pescar, sabe fazer sua casa, fazer seu instrumento, fazer seus objetos de adorno, sua rede, sua esteira, sua canoa. Nasce e morre sem depender de ninguém para nada. A informação é aberta; o que um sabe todos podem saber. Ninguém se apropria da informação para transformá-la em poder. Em suma: o que há é a democracia do consenso.
O filósofo francês Jean Jaques Rousseau, ainda no século XVIII nos alertou quanto à ameaça corruptiva da “civilização”.
Discursivamente, para Rousseau, no princípio de tudo, havia uma sociedade que mal se percebia. Ao “chegar” a civilização, começa-se a divisão em famílias e criam-se os afetos. Estes, por sua vez, geram o sentimento de posse, fazendo com que uns se destaquem em relação ao todo. O sentimento de superioridade do homem sobre os outros seres vivos e sobre outros homens faz com que ele adquira consciência de si e comece a sua transformação do “natural” ao “social”, pervertendo assim a sua natureza.
O homem civilizado regula-se pelo amor próprio. Ao contrário, o homem natural de Rousseau guia-se pelo amor de si (disposição voltada para a preservação do ser singular) e pela comiseração (repulsa natural ao sofrimento de qualquer ser vivo especialmente o humano). A desigualdade social, então, é iniciada no movimento de apropriação da natureza pelo homem. Nesse momento, faz-se necessário o Estado (governo) para conter a instabilidade. Mas, ao invés de resolver, funda-se a sociedade política que perpetua a dominação do rico sobre o pobre (crítica à monarquia absolutista de sua época).
Obviamente não se deve tomar em sentido cronológico nem literal o problema filosófico de Rousseau. O que ele propõe com seu sistema é um resgate da natureza humana. Mas de maneira alguma suscita uma volta ao homem natural. Ele pensa numa civilização racional e moral que realize a natureza do homem. Um sistema fundado na Vontade Geral, que projete o Eu Comum da humanidade. Vontade geral não como sinônimo de vontade da maioria (já que esta pode ser o somatório de vontades individuais). Vontade geral tendo como pressupostos a comiseração e o amor de si.
Não vivemos hoje num país onde, quando muito, prevalece o somatório das vontades individuais?
Talvez encontremos algumas saídas: a “democracia” brasileira é demasiada jovem. Da Constituinte até hoje, contam-se apenas 22 anos. Não temos parâmetro sequer para nos compararmos conosco mesmo.
Mas, o que dizer da alienação política que assola a nossa nação?
Assistimos aos escândalos que, por sua constância midiática, não mais escandalizam. Exaltamos a honestidade política como virtude ao invés de pressuposto.
Aplaudimos os discursos vazios do nosso Presidente que usa e abusa de frases feitas para ludibriar a população mais carente.
Conformamo-nos com programas assistencialistas que transformam o pobre em cárcere da esmola.
Observamos inertes à demolição ideológica do “partido dos trabalhadores” em detrimento à eleição presidencial, cabendo até conivência e apoio a antigos desafetos políticos.
Aceitamos o solapamento da liberdade com a obrigatoriedade do voto.
Etc. Etc. Etc.
Não. Definitivamente não vivemos numa democracia de fato. O que temos é uma democracia representativa com mofo nas entranhas. Um sistema manco no qual os representantes ainda dependuram. Uma política que flerta muito mais com o totalitarismo do que com a liberdade.
segunda-feira, 6 de setembro de 2010
GANHEI CORAGEM
(Rubem Alves – Colunista da Folha de S. Paulo)
"Mesmo o mais corajoso entre nós só raramente tem coragem para aquilo que ele realmente conhece", observou Nietzsche. É o meu caso. Muitos pensamentos meus, eu guardei em segredo. Por medo.
Alberto Camus, leitor de Nietzsche, acrescentou um detalhe acerca da hora em que a coragem chega: "Só tardiamente ganhamos a coragem de assumir aquilo que sabemos".
Tardiamente. Na velhice. Como estou velho, ganhei coragem. Vou dizer aquilo sobre o que me calei: "O povo unido jamais será vencido", é disso que eu tenho medo. Em tempos passados, invocava-se o nome de Deus como fundamento da ordem política. Mas Deus foi exilado e o "povo" tomou o seu lugar: a democracia é o governo do povo. Não sei se foi bom negócio; o fato é que a vontade do povo, além de não ser confiável, é de uma imensa mediocridade. Basta ver os programas de TV que o povo prefere.
A Teologia da Libertação sacralizou o povo como instrumento de libertação histórica. Nada mais distante dos textos bíblicos. Na Bíblia, o povo e Deus andam sempre em direções opostas. Bastou que Moisés, líder, se distraísse na montanha para que o povo, na planície, se entregasse à adoração de um bezerro de ouro. Voltando das alturas, Moisés ficou tão furioso que quebrou as tábuas com os Dez Mandamentos.
E a história do profeta Oséias, homem apaixonado! Seu coração se derretia ao contemplar o rosto da mulher que amava! Mas ela tinha outras idéias. Amava a prostituição. Pulava de amante e amante enquanto o amor de Oséias pulava de perdão a perdão. Até que ela o abandonou.
Passado muito tempo, Oséias perambulava solitário pelo mercado de escravos. E o que foi que viu? Viu a sua amada sendo vendida como escrava. Oséias não teve dúvidas. Comprou-a e disse: "Agora você será minha para sempre.". Pois o profeta transformou a sua desdita amorosa numa parábola do amor de Deus.
Deus era o amante apaixonado. O povo era a prostituta. Ele amava a prostituta, mas sabia que ela não era confiável. O povo preferia os falsos profetas aos verdadeiros, porque os falsos profetas lhe contavam mentiras. As mentiras são doces; a verdade é amarga.
Os políticos romanos sabiam que o povo se enrola com pão e circo. No tempo dos romanos, o circo eram os cristãos sendo devorados pelos leões. E como o povo gostava de ver o sangue e ouvir os gritos! As coisas mudaram. Os cristãos, de comida para os leões, se transformaram em donos do circo.
O circo cristão era diferente: judeus, bruxas e hereges sendo queimados em praças públicas. As praças ficavam apinhadas com o povo em festa, se alegrando com o cheiro de churrasco e os gritos. Reinhold Niebuhr, teólogo moral protestante, no seu livro "O Homem Moral e a Sociedade Imoral" observa que os indivíduos, isolados, têm consciência. São seres morais. Sentem-se "responsáveis" por aquilo que fazem. Mas quando passam a pertencer a um grupo, a razão é silenciada pelas emoções coletivas. Indivíduos que, isoladamente, são incapazes de fazer mal a uma borboleta, se incorporados a um grupo tornam-se capazes dos atos mais cruéis. Participam de linchamentos, são capazes de pôr fogo num índio adormecido e de jogar uma bomba no meio da torcida do time rival. Indivíduos são seres morais. Mas o povo não é moral. O povo é uma prostituta que se vende a preço baixo.
Seria maravilhoso se o povo agisse de forma racional, segundo a verdade e segundo os interesses da coletividade. É sobre esse pressuposto que se constrói a democracia. Mas uma das características do povo é a facilidade com que ele é enganado. O povo é movido pelo poder das imagens e não pelo poder da razão. Quem decide as eleições e a democracia são os produtores de imagens.
Os votos, nas eleições, dizem quem é o artistaque produz as imagens mais sedutoras. O povo não pensa. Somente os indivíduos pensam. Mas o povo detesta os indivíduos que se recusam a ser assimilados à coletividade.
Nem Freud, nem Nietzsche e nem Jesus Cristo confiavam no povo. Jesus foi crucificado pelo voto popular, que elegeu Barrabás. Durante a revolução cultural, na China de Mao-Tse-Tung, o povo queimava violinos em nome da verdade proletária. Não sei que outras coisas o povo é capaz de queimar.
O nazismo era um movimento popular. O povo alemão amava o Führer. O povo, unido, jamais será vencido!
Tenho vários gostos que não são populares. Alguns já me acusaram de gostos aristocráticos. Mas, que posso fazer? Gosto de Bach, de Brahms, de Fernando Pessoa, de Nietzsche, de Saramago, de silêncio; não gosto de churrasco, não gosto de rock, não gosto de música sertaneja, não gosto de futebol. Tenho medo de que, num eventual triunfo do gosto do povo, eu venha a ser obrigado a queimar os meus gostos e a engolir sapos e a brincar de "boca-de-forno", à semelhança do que aconteceu na China.
De vez em quando, raramente, o povo fica bonito. Mas, para que esse acontecimento raro aconteça, é preciso que um poeta entoe uma canção e o povo escute:"Caminhando e cantando e seguindo a canção.", Isso é tarefa para os artistas e educadores. O povo que amo não é uma realidade, é uma esperança.
terça-feira, 24 de agosto de 2010
A alternativa
De Luis Fernando Veríssimo
Você eu não sei, mas quanto mais candidatos ridículos pedindo voto, mais eu gosto.
O ideal seria que todos os candidatos fossem sérios e capazes, apresentassem suas credenciais e seus programas de maneira convincente ou no mínimo bem articulada, e representassem alguma coisa além da sua própria ambição, ou seu próprio delírio. O ideal seria uma democracia perfeita, em que a escolha fosse entre os melhores. Mas uma democracia perfeita, como é inviável, está apenas a um passo de democracia nenhuma.
Os candidatos inacreditáveis que infestam os horários eleitorais com suas promessas malucas, suas caras assustadas e seus truques patéticos são, na verdade, guardiões da democracia possível. Sua existência garante que estamos salvos de qualquer pretensão ciceroniana a governos só de iluminados. Pense nisso na próxima vez que aparecer um candidato na TV pedindo seu voto porque é um bom filho ou um bom jogador de boliche. A alternativa ao ridículo é muito pior.
terça-feira, 17 de agosto de 2010
Estágio na Abelha Rainha
Se você é um diretor de arte em potencial e está interessado em estagiar numa das agências mais criativas do interior (oh!), mande seu portifólio para matheus@abelharainha.com. Obviamente, para esta área, softwares como photoshop, corel e ilustrator são imprescindíveis. Mas, os requisitos mais importantes são bom gosto, iniciativa e vontade de aprender.
OBS: É preciso estar na faculdade.
Lições do português
Hoje pela manhã bateu aquela saudade dos tempos de colégio. Nostalgia gratuita que, vez por outra, alimenta uma ilusão semi-esquecida: goma de mascar embaixo da cadeira, lápis no chão para contemplar a calcinha da professora, baladas no pátio embaladas ao som do violão Di Georgio e as aulas de português. Ah! Como eu gostava das aulas de português. Sempre admirei o que as palavras podiam mostrar, mas o fascínio maior era por aquilo que elas escondiam; que diziam sem dizer.
Apropriando-me da “parte pelo todo”, posso garantir que grandes lições foram e são ensinadas, mas não necessariamente aprendidas. Um dos equívocos mais comuns cometidos mesmo por alunos aplicados no passado diz respeito aos verbos. Amar, por exemplo. Somente conjugado no presente do indicativo, afirmativo, na primeira pessoa do singular. E sempre questionado em terceira. Cisma de que haja de fato essa terceira pessoa? Bem provável.
A transferência de atributos que este verbo vem sofrendo é, no mínimo, curiosa. Eu amo virou eu possuo. Te amo é você me pertence. Pessoas se tornaram objetos: diretos quando usados explicitamente e indiretos quando uso é dissimulado. Tudo para que o tal verbo não seja conjugado no pretérito, ainda mais no perfeito, que de perfeito nada tem.
Já o verbo respeitar é um tanto quanto paradoxal. Apesar de estar na pauta de muitas discussões, é inconjugável na maioria das situações.
Em conflito está o modo imperativo: não vai! Vou sim! Volta aqui! Volto nada! A conseqüência deste discurso é uma acentuada desobediência à concordância. A voz reflexiva até tenta consertar. Em vão. A ativa toma o lugar da passiva e vice-versa e o que resta é o silêncio cortante da incoerência.
O vocativo, antes esquecido e amparado pelas vírgulas, agora passeia soberano pela boca de quem ordena: Fulano, chega! Cicrano, pára! As coordenadas não têm mais vez. Foram engolidas pelas subordinadas. Subordinação que não se restringe apenas às orações, ramificando-se para os pronomes possessivos, os adjetivos mal empregados e, principalmente, para o sujeito, antes simples, agora composto. E, muitas vezes, por um fenômeno lingüístico, composto e oculto ao mesmo tempo. E essa regência imposta, sequer o Professor Paschoali é capaz de compreender.
Nem mesmo a conotação poética de algumas frases tais como “você é tudo para mim” ou “você é uma rosa”, consegue remendar erros interpretativos da vida afetiva. As figuras de linguagem, exceto a hipérbole e a metáfora, parecem ter se rebelado contra a coesão, derivando-se assim tempos e os modos primitivos, vigentes nesse tipo de envolvimento.
Se seguissem às orientações do velho Aurélio, alguns preceitos já seriam concebidos de forma diferente. Segundo ele, relacionamento é a ligação afetiva condicionada por uma série de atitudes recíprocas. Reciprocidade. Liberdade. Sufixos iguais, palavras complementares numa relação.
E, como a língua condena a exatidão, a verborragia aí de cima pode ser interpretada como convir ao leitor.
segunda-feira, 9 de agosto de 2010
Oráculo do sexo?
Tem um louco pregando em praça pública sobre virtudes não muito usuais do sexo. E mais: convertendo pessoas.
Abaixo dois vídeos dele que se intitula o Oráculo do Sexo:
quarta-feira, 4 de agosto de 2010
Por que a gente para?
Por que a gente para?
Para porque tem outros desejos.
segunda-feira, 19 de julho de 2010
sexta-feira, 16 de julho de 2010
Natural
Primo da semente da uva,
O caroço na mama
Por natural se clama
Como uma tarde de chuva.
A beleza não é predicado,
Não é bênção nem pecado,
O belo do mar ou do jasmim
Está e esteve em mim.
Embriagado de uma moral sem idade
Clamo aos céus pelo sumiço do caroço
Sem perceber que na natureza a crueldade
Sou eu também que deposito e endosso.
terça-feira, 13 de julho de 2010
Em homenagem ao dia Mundial do Rock: Joey Ramone - What a wonderful world
What A Wonderful World
Que Mundo Maravilhoso
segunda-feira, 12 de julho de 2010
Concurso Guemanisse de Contos
É com satisfação que compartilho com vocês essa conquista.
Com 2.019 contos inscritos, de todo o Brasil, ganhei menção honrosa (8º lugar), com o conto "ausência confirmada" que publico na íntegra abaixo:
AUSÊNCIA CONFIRMADA
A imagem, estranha e familiar, causou-lhe certa satisfação. Eram vários homens ao espelho. Na verdade, todos os que o formavam nestes trinta e três anos. Observou cada detalhe, cada vestígio emprestado. As enormes olheiras contrastavam com a simetria helênica do rosto. Sorriu ao apalpar a mancha sob o olho esquerdo. Uma atípica sensação brotou-lhe no estômago, cresceu pelos pulmões e explodiu garganta afora:
- É agora!
Gargalhou e repetiu eufórico:
- Agora!
Como eram belas aquelas manchas roxas! Mais que as horas de ensaio, revisões dos diálogos e figurino, simbolizavam toda uma trajetória prestes a culminar no seu espetáculo, sua própria peça teatral.
- Seu casaco - sussurrou o assistente esticando o braço pela porta entreaberta.
- Põe aí na cadeira, por favor.
O pensamento das últimas semanas ressurgiu abruptamente, substituindo-lhe a feição tensa por uma afável: a platéia vidrada no palco; atores e espectadores em plena sintonia; o teatro não lotado, mas com as pessoas que ali deveriam estar.
Reservou na primeira fila o melhor lugar. Não que fosse cauteloso, mas a ocasião exigia tal preocupação. A ideia de compartilhar seu maior feito com o amigo excitava-o com a mesma intensidade que a própria realização. Ao contrário do total acaso que lhe parecia ser a família, Fábio estimava o poder de escolha inerente à amizade. Eduardo era a personificação desse sentimento. Mesma escola, mesmos heróis, mesmos gestos. Cúmplices antes mesmo de entenderem o significado de cumplicidade. Eduardo sempre fora o mais seguro dos dois. Era o apoio que Fábio não tinha em casa.
- Vai ser um grande ator, Fabinho. E, claro, faço questão de te aplaudir em pé!
Fábio franziu a testa ao pensar no prometido aplauso. Assustou-se com a correspondência do movimento ao espelho. Os poros trabalhavam além do normal; as papilas salivares, por outro lado, censuravam aos lábios o direito da separação.
O primeiro sinal ecoou camarim adentro. Puxando o casaco felpudo, despiu suavemente o encosto da cadeira; lembrou-se da primeira vez que se meteu a atuar. “Quantas primeiras vezes foram ao seu lado, amigo!” – murmurou, abençoando-se com o sinal da cruz de baixo para cima.
Bateu a porta da sala ao perceber que estava sendo observado pela companheira de palco. De um lado a outro, intercalava passos largos e curtos. Os olhos buscavam um ponto para repousarem. Sentou-se, levantou-se, sentou-se. O movimento para enxugar o rosto foi bruscamente interrompido pela sensação de familiaridade com aquele pedaço de papel. Num lenço semelhante, ele e Eduardo compuseram a primeira música, deviam ter uns onze anos. A primeira metade da letra era obscenidade; a segunda escandalizou aos que a ouviram no alpendre da casa de um deles. Reescreveu os trechos dos quais se lembrou, dobrou cuidadosamente o papel e guardou o novo amuleto no bolso do casaco.
Ao fundo, tilintou o segundo sinal. Seria o som envelhecido do sino da faculdade? Manhã chuvosa de quarta-feira, uma semana para a formatura. Logo na entrada, Fábio notou o alvoroço. Acompanhando o fluxo de pessoas, chegou ao banheiro de seu prédio. Caiu de joelhos quando viu que os pés de Eduardo não tocavam o chão. Depois de paralisado por alguns minutos, arrumou forças para tirar o bilhete da mão gélida que balançava sem norte.
“... não tem nada a ver com você, amigo. Chorar eu sei que vai, mas não chore muito porque vou feliz. A vida é uma vontade cega e só a venço adiantando o processo... se não for muito, peço que toque Beethoven enquanto os poucos que me consideram estiverem reunidos ao redor do meu corpo!”
O terceiro sinal bateu feito uma flecha em seus tímpanos. Como uma noiva que tira o véu para o primeiro beijo, as cortinas se abriram. A cadeira vazia refletia sua alma. As olheiras já não eram belas; o roxo, a cor da melancolia, da estola diaconal no instante da extrema unção. Os ombros curvados e os braços estendidos ao longo do tronco davam-lhe um aspecto primitivo.
Doou-se com dedicação extra ao primeiro personagem. Este iniciava o ato lamentando a perda do melhor amigo. Os violinos da Nona Sinfonia rasgaram-lhe o âmago do espírito.
quarta-feira, 7 de julho de 2010
Networking é o que faz você prosperar
Não é nenhuma novidade, aliás é o óbvio ululante: o networking (sua rede de contatos, sua proximidade e intimidade com gente influente) é que é importante para você se dar bem na vida.
Esqueça sua competência, diplomas, títulos honoráveis. Não invista em cursos, em conhecimento, em tempo de experiência. O segredo é chegar mais perto de quem pode indicar você para algum cargo.
Dunga que o diga. Sem nunca ter sido técnico de nada e de ninguém, ele foi escolhido para treinar a seleção brasileira, só por ser bem relacionado com Ricardo Teixeira. Deu no que deu. Agora Leonardo, que só foi técnico do Milan e nunca ganhou nada, pode ir pelo mesmo caminho. Como diria Milton Leite, narrador do SporTV: “mas, que beleza!”
Fica o recado, a lição incontestável para progredir: sejamos amigos do prefeito, conhecidos íntimos do presidente, puxemos o saco dos poderosos, babemos o ovo dos manda-chuvas. Dilma Rousseff que o diga. Mas que beleza!
terça-feira, 6 de julho de 2010
Dica de blog: garotas de propaganda
Taí um blog para acessar sempre: http://garotasdepropaganda.wordpress.com/
Bons comentários, sempre atualizado e o que é melhor: a visão sensível da mulherada sobre nossa atividade. Clica e vê.
segunda-feira, 5 de julho de 2010
"Mucho" Macho
Macho.
Animal reprodutor ou adjetivo?
É preciso saltar de cima do muro,
Sair de debaixo da saia
Com a faca de dois gumes entre os dentes.
Escancararemos as portas do armário!
Afinal,
Fica mal não se decidir se é isso ou aquilo,
Se está mais pra rato ou pra esquilo.
Sou macho e pronto!
Afirma sem medo de estar errado
Assim como não gosta de jiló
Sem nunca ter provado.
Esse bicho aguenta de tudo:
Porrada na cara,
Caçada no escuro,
Lida dura na seara,
Descrença no futuro.
Mas não venha com pedidos de licença,
Palavras perfumadas
Ou doçura em demasia.
Macho que é macho sabe:
Sorrir é covardia!
quinta-feira, 1 de julho de 2010
Cannes 2010: GP em Titanium é um twitter!
Quem levou o GP em Titanium do Festival de Cannes deste ano foi a Crispin Porter + Bogusky, em uma ação criada para a rede de lojas Best Buy.
O que eles fizeram de tão sensacional? Um Twitter para a empresa. Sério. Quem ainda não leu nada a respeito, se liga aí: os caras criaram uma campanha batizada de Twelp Force. Famosos por um atendimento especializado de verdade nas lojas físicas, quando a Best Buy começou a vender por e-commerce, a saída doi oferecer um perfil especial no Twitter para tirar dúvidas online. Isso mesmo o Twelp Force.
Simples demais? Nem tanto, eles diminuíram as reclamações em 20% e se consolidaram como uma empresa que oferece um super serviço aos seus clientes. Veja o vídeo aí.
terça-feira, 29 de junho de 2010
Cannes: GP film 2010
O comercial é da Wieden + Kennedy de Portland para os desodorantes Old Spice, da Procter & Gamble.
No filme, o ex-jogador de futebol americano Isaiah Mustafa faz o tipo bonitão, e se dirige diretamente para o público feminino. A ideia é comparar o maridão em casa com uma vida de luxo num veleiro ao lado de alguém como ele — que, naturalmente, usa a marca Old Spice.
O tema da campanha é: "The man your man could smell like." Algo como: seu homem poderia cheirar como esse homem. Assista ao comercial traduzido. É bem irônico.
segunda-feira, 28 de junho de 2010
Cannes: GP Press 2010 é inspirado na campanha Bandeiras de 2005
Agência: AlmapBBDO
Cliente: revista Billboard.
Conceito: “Música. Entenda do que é feita.”
Reparem: A concepção visual das legendas é a mesma, nas duas campanhas. Não há dúvida. A Almap bebeu da campanha portuguesa.
Campanha "Bandeiras"
Agência: Foote Cone & Belding Portugal
Cliente: Grande Reportagem
Conceito: "Conheça o Mundo em que Vive".
Ideia de atribuir novos significados às cores e às estrelas das bandeiras nacionais, com base em dados da Anistia Internacional e de vários organismos da ONU.
NÃO MORRA EM ÉPOCA DE COPA DO MUNDO
Se você faz parte do time das super hiper mega pop stars, desconsidere o conselho do título. Caso contrário, previna-se. Tome seus remédios à risca, afira constantemente sua pressão, durma bastante, alimente-se de acordo com o que os nutricionistas orientam na TV e o mais importante: reze, ore, clame pelo amor de Deus.
Esticar as canelas em pleno Mundial é pedir para ser escalado no elenco dos esquecidos. Mais: você corre o risco de não ter sequer uma homenagem singela antes que os vermes comecem seu trabalho. Contudo, o oposto disso também é possível: ser lembrado por muito tempo como o grande empata foda. Cá entre nós, só de quatro em quatro anos é que nos permitimos encher a cara em plena segunda-feira à tarde, não?
Seleção em campo? Não se atreva nem a passar mal. Onde já se viu fazer os amigos e parentes, fervorosos patriotas, trocar o amarelo canarinho pelo preto? O mais sensato é segurar as pontas e esperar por um evento menos relevante para o país. Quem sabe, em 14 de agosto, dia da Unidade Humana ou em outubro nas eleições presidenciais?
Os que almejam ao menos um cortejo com as gerações futuras, atenção redobrada, já que o seguro morreu de velho. É de bom tom não bater as botas entre meados de junho e meados de julho de qualquer ano. Afinal, Michael Jackson só existe um, rara exceção, salvo pelo seu quilate. Mesmo assim, há quem diga que as vuvuzelas africanas abafaram as homenagens pelo aniversário de morte do cantor.
Deus, brasileiro que é (com muito orgulho, com muito amor), vive um terrível paradoxo este ano: ou assiste aos jogos ou atende às preces dos súditos, principalmente as que lamentam as enchentes do nordeste. Mas, se me permite dizer, Senhor, essa dificuldade é apenas aparente. Resolvê-la-ia se fizesse uso de Sua Onipresença. Assim, assistiria aos espetáculos sem iguais da nossa Seleção, ao mesmo tempo em que repreenderia sua filha Natureza em relação às suas traquinagens no nordeste do Brasil. É matemático: quanto mais orações atendidas, menos almas a serem julgadas. Mas, como o Senhor escreve certo por linhas tortas, contento-me em esperar até o apito final para analisar a súmula.
Lamento não ter escrito esse tratado antes. Poderia tê-lo enviado ao ilustríssimo senhor José de Saramago. Justo o senhor foi cometer essa deselegância? Era propícia a hora de alargar a intermitência da própria morte, mas não. Apressou-se em conferir pessoalmente se a descrição do Cristo do seu Evangelho batia com a das Sagradas Escrituras. Foi-se nessa época por modéstia, diriam seus leitores. Homem das palavras que era, não creio. Seja como for, entre uma notícia de gol e outra da ranhetice do técnico anão, pouco se falou da morte do único escritor de língua portuguesa a ganhar o prêmio Nobel de Literatura.
A morte é um fato. E, se contra fatos não há argumentos, não vale a pena terminar de ler este texto. Todavia, como brasileiro, não desisto nunca e trago à tona o parágrafo derradeiro e prescritivo:
Com ufanismos futebolísticos e eufemismos sociais, continuamos a empurrar com a barriga as mazelas do brasileiro, sedado a pão e circo. Circo vazio, diga-se de passagem, já que os palhaços, os mágicos e os malabaristas, há tempos velam a Esperança do povo com a bandeira do Brasil sobre o caixão.
Por um futebol mais justo
Contra a Costa do Marfim, Luís Fabiano, do Brasil, mata a bola duas vezes com a mão e o juiz manda seguir. Golaço, mas irregular. Lampard, da Inglaterra, manda a bola por cima do goleiro alemão, a bola ultrapassa a linha um tantão assim ó, mas o juiz e o bandeirinha nada marcam. Tevez, da Argentina, totalmente impedido, recebe um passe de Messi e faz o gol. O juiz valida e o México se ferra.
Pelamordedeus! Não aguento mais tantos erros de arbitragem. E tem gente que ainda defende que a tecnologia não deve ser usada no futebol. Vai perder a graça, a discussão, a polêmica. Então tá. Vamos ficar com a roubalheira, a injustiça, os erros absurdos. Deixemos de lado os recursos eletrônicos em prol da falibilidade humana. Sempre foi assim e assim tem que continuar. Faz parte da tradição, faz parte da espontaneidade do esporte. Balela. O futebol tem que evoluir. É um espetáculo deveras caro e apaixonante para ficar na mão de juízes incompetentes, que cometem equívocos crassos. Por que não usar tecnologia para melhorar a arbitragem? Sinceramente, eu não me conformo.
sexta-feira, 18 de junho de 2010
Luto?
José Saramago foi um dos caras que chancelou minha alma.
Seu estilo, sua forma de enredar o leitor, sua ironia, enfim, um homem de espírito grande, como diriam os Idealistas alemães.
Foi o único escritor de língua portuguesa a ganhar o Nobel de Literatura , em 1998.
Morreu hoje aos 87 anos.
Mas, pensando bem, para caras como ele, a morte não existe. Vai-se o corpo. Fica a obra.
quinta-feira, 17 de junho de 2010
Mini histórias sobre Livros - II
– Aêêê, filhão. Toma aqui seu presente de 11 anos.
– Puxa, pai. Valeu.
– E aí, gostou?
– Eu? Eu? É... gostei. Um livro, né?
– Peraí, não é só um livro. É “os Meninos da Rua Paulo”. Esse livro é um clássico, li mais ou menos na sua idade e adorei!
– Legal, mas eu preferia um jogo do Xbox.
– Ah, tá..
quarta-feira, 16 de junho de 2010
Mini Histórias sobre Livros - I
terça-feira, 15 de junho de 2010
Um livro sobre futebol... cinema e literatura
É uma tríade perfeita. Eu indico.
segunda-feira, 14 de junho de 2010
Anúncios de Agências Experimentais - Dia dos Namorados
Anúncios dos meus alunos do 4º ano de PP do Centro Universitário Barão de Mauá.
Agência: Límpida
Cliente: ABGLT
Agência: Caramelo
Cliente: Cacau Show
As vísceras da vida
Inspirado pelo post do Raul, lembrei-me de um poema que fiz à memória de um dos poetas mais escuros e geniais do Brasil, Augusto dos Anjos:
As moscas circundam
A luz amarela-meningite
Como as baratas sobrevoam
Os pensamentos pútridos da serpente.
As entranhas da grávida estão pretas,
Os gestos do padre, imundos.
O jantar, damas e cavalheiros:
Merda à moda com pústulas amanhecidas.
Digestão em andamento,
Bílis, desejos ao vento,
Confio meu amor próprio
A bigatos bígamos.
Devolvem-me apressados,
Está gangrenado,
Com a data de validade vencida!
No formol o mergulho,
Como se em julho,
Ao adubarmos a terra,
Florescessem margaridas.
Meu coração,
Enferrujado pelo mofo do olhar alheio,
Cospe fel às artérias do mundo.
Meu cérebro,
Destronado pelo baço,
De braços dados com a oração escarrada,
Assiste passivamente
À vida sangrando pelas juntas.
Autopsiando o passado,
Vislumbro meu futuro:
Sentir-me-ei humano
Até que os vermes se aconcheguem na minha carne,
Beijando diariamente a boca necrosada da esperança.
Algumas coisas que aprendi com alguns escritores - parte I
Com Machado de Assis (Dom Casmurro, Memórias Póstumas de Brás Cubas), aprendi que personagens têm dissabores psicológicos tanto quanto nós, pobres mortais. Aprendi que é possível escrever depois de morto e, principalmente, que não se deve confiar nas mulheres, né, Capitu?
Com Luis Fernando Verissimo (Analista de Bagé, Comédias da Vida Privada), aprendi que a vida observada com ironia é mais salutar e agradável. Aprendi que é uma delícia espiar as pessoas e situações (vem daí meu voyerismo) e que os diálogos é que movimentam a nossa vida.
Com Fernando Sabino (O Menino no Espelho, Encontro Marcado), aprendi que a infância é rica em significados, que as coisas podem e devem ser mais simples, que devemos ser amigos de nós mesmos e que devemos cultivar outros amigos, mesmo que eles se percam no meio do caminho.
Com Caio Fernando Abreu (Morangos Mofados, Ovelhas Negras), aprendi que a melancolia é parte de nós, e que a angústia, às vezes é bela. Aprendi a ficar com raiva por causa de uma história que não apresentou desfecho algum. Aprendi a ser mais reflexivo e mais alegre, por ser triste.
Com Paulo Coelho (Brida, O Alquimista), aprendi que o sucesso não depende de escrever bem. Pode acontecer a partir de enredos místicos que beiram a auto-ajuda e de um bom marketing.
O primeiro livro que eu li
Semana do Livro
Estamos em plena 10ª Semana da Feira Nacional do Livro de Ribeirão Preto. Portanto, nada mais justo do que dedicar esta gloriosa e culta semana à literatura, aos seus grandes escritores e personagens.
Postarei dicas de livros, passagens marcantes, frases históricas e sabe-se lá mais o que.
Boa leitura.
sexta-feira, 11 de junho de 2010
O amor. Por Nietzsche e Shakespeare
Aquilo que se faz por amor está sempre além do bem e do mal.
Friedrich Nietzsche
O amor é o estado no qual os homens têm mais probabilidades de ver as coisas tal como elas não são.
Friedrich Nietzsche
Há sempre alguma loucura no amor. Mas há sempre um pouco de razão na loucura.
Friedrich Nietzsche
O verdadeiro nome do amor é cativeiro.
William Shakespeare
O amor é como a criança: deseja tudo o que vê.
William Shakespeare
É muito melhor viver sem felicidade do que sem amor.
William Shakespeare
Mini Histórias de Amor - III
quinta-feira, 10 de junho de 2010
2 livros sobre o amor
Para viver um grande amor, preciso é muita concentração e muito siso, muita seriedade e pouco riso — para viver um grande amor.
Para viver um grande amor, mister é ser um homem de uma só mulher; pois ser de muitas, poxa! é de colher... — não tem nenhum valor.
Para viver um grande amor, primeiro é preciso sagrar-se cavalheiro e ser de sua dama por inteiro — seja lá como for. Há que fazer do corpo uma morada onde clausure-se a mulher amada e postar-se de fora com uma espada — para viver um grande amor.
Para viver um grande amor, vos digo, é preciso atenção como o "velho amigo", que porque é só vos quer sempre consigo para iludir o grande amor. É preciso muitíssimo cuidado com quem quer que não esteja apaixonado, pois quem não está, está sempre preparado pra chatear o grande amor.
Para viver um amor, na realidade, há que compenetrar-se da verdade de que não existe amor sem fidelidade — para viver um grande amor. Pois quem trai seu amor por vanidade é um desconhecedor da liberdade, dessa imensa, indizível liberdade que traz um só amor.
Para viver um grande amor, il faut além de fiel, ser bem conhecedor de arte culinária e de judô — para viver um grande amor.
Para viver um grande amor perfeito, não basta ser apenas bom sujeito; é preciso também ter muito peito — peito de remador. É preciso olhar sempre a bem-amada como a sua primeira namorada e sua viúva também, amortalhada no seu finado amor.
É muito necessário ter em vista um crédito de rosas no florista — muito mais, muito mais que na modista! — para aprazer ao grande amor. Pois do que o grande amor quer saber mesmo, é de amor, é de amor, de amor a esmo; depois, um tutuzinho com torresmo conta ponto a favor...
Conta ponto saber fazer coisinhas: ovos mexidos, camarões, sopinhas, molhos, strogonoffs — comidinhas para depois do amor. E o que há de melhor que ir pra cozinha e preparar com amor uma galinha com uma rica e gostosa farofinha, para o seu grande amor?
Para viver um grande amor é muito, muito importante viver sempre junto e até ser, se possível, um só defunto — pra não morrer de dor. É preciso um cuidado permanente não só com o corpo mas também com a mente, pois qualquer "baixo" seu, a amada sente — e esfria um pouco o amor. Há que ser bem cortês sem cortesia; doce e conciliador sem covardia; saber ganhar dinheiro com poesia — para viver um grande amor.
É preciso saber tomar uísque (com o mau bebedor nunca se arrisque!) e ser impermeável ao diz-que-diz-que — que não quer nada com o amor.
Mas tudo isso não adianta nada, se nesta selva oscura e desvairada não se souber achar a bem-amada — para viver um grande amor.
Minha prímula meu pelargônio meu gladíolo meu botão-de-ouro.
Minha peônia.
Minha cinerária minha calêndula minha boca-de-leão.
Minha gérbera.
Minha clívia.
Meu cimbídio.
Flor flor flor.
Floramarílis. floranêmona. florazálea. clematite minha.
Catléia delfínio estrelítzia.
Minha hortensegerânea.
Ah, meu nenúfar. rododendro e crisântemo e junquilho meus. meu ciclâmen. macieira-minha-do-japão.
Calceolária minha.
Daliabegônia minha. forsitiaíris tuliparrosa minhas.
Violeta... amor-mais-que-perfeito.
Minha urze. meu cravo-pessoal-de-defunto.
Minha corola sem cor e nome no chão de minha morte.
quarta-feira, 9 de junho de 2010
Mini histórias de Amor - II
SUSSURROS CÍCLICOS
As façanhas do ontem
Que colorem o hoje
Desbotarão o amanhã.
Se é circular o que existe,
Como ousas rotular?
O muro que protege
É o mesmo que separa.
A cruz que promete
É aquela que nos para.
Ao anoitecer, Apolo é Dionísio;
Da guerra, um instante: armistício.
Bacanal, a olhos virgens, é romaria.
Madalena, alterego de Maria.
Peçonhenta, a fruta
Pesada de culpa,
Minha, sua.
Nossa! Multa,
Caiu sobre Newton.
Sei que
O que não era é.
O que era não é.
Que sei?
(Matheus Arcaro)
terça-feira, 8 de junho de 2010
Três comerciais sobre o amor