quinta-feira, 6 de agosto de 2009

O que inspira na palestra de Washington Olivetto?


Por Eduardo Cavalheiro – direto do ENLARP 2009, Encontro de Redatores de Publicidade de Paraty

“Como foi que eu vim parar aqui hoje”. Esse era o título do único slide projetado durante a palestra que durou 3 horas, um tempo que não foi suficiente para cansar ninguém, nem mesmo o palestrante, que ficou o tempo todo sentado e narrou sem pressa a biografia do mais emblemático publicitário do Brasil.

Para quem já viu uma palestra de Olivetto ou leu “Na Toca dos Leões”, algumas coisas perdem um pouco daquele encanto do ineditismo. Mas o magnetismo dele é o mesmo. Ouvir este senhor, em qualquer contexto, é uma puta experiência.

Ele não é músico, cineasta, escritor, fashionista ou artista plástico, mas vive e conhece tudo isso com uma desenvoltura que assusta. Um cara que aos 17 anos era amigo de Caetano e toda galera do tropicalismo. Que concebeu a identidade do mais célebre Corinthians. Que compôs com Tom Zé e é consultado por André Midani e Boni. Que combina uma camiseta da “Puta Madre” com calça e sapato social pretos sem o menor pudor. Por tudo isso, ele transcendeu o publicitário e faz parte da história do Brasil, assim como suas campanhas.

Hoje ele é um cartola, distante da criação publicitária, que segundo ele, está em crise no mundo todo, sem brilho e sem verdade. Com base nisso, perguntei a ele sobre uma perspectiva de futuro: “Andy Warhol disse que no ano 2000 todos teriam 15 minutos de fama, mas o que temos são sucessivos 5 minutos de vulgaridade. Eu penso que como tudo na vida, uma hora vem a ressaca, e aí depois a coisa pega um novo rumo, mais saudável.”

No fim, as palmas não cessavam. A maioria de nós ali, não viu a W/ no auge, mas todos sentem a vibração de vossa santidade. Me emocionei. Mesmo não sendo a primeira vez que o via, é provável que seja a última, já que ele está cada vez mais longe da propaganda. Enquanto ele saía do auditório, tomei consciência do privilégio de estar ali. E saí de lá arrebatado, pensando que ser alguém com boas histórias é muito mais interessante (e claro, inspirador) do que ser um bom publicitário.

Um comentário:

Wilder disse...

Mesmo com essa cara de véio babão, ele é o cara.