terça-feira, 11 de agosto de 2009

EBP 2009

Sábado rolou o EBP em Sampa. O Rony e eu estivemos por lá e, de hoje até sexta vamos dar umas pinceladas sobre o evento.



Começo com um raio-x panorâmico da palestra de Marcelo Tripoli, fundador da agência digital "I think". Com o tema "o fim do digital ele joga a primeira frase: o digital morreu.
Como assim? O troço bombando, todo mundo falando disso e o cara vem falar que morreu? Explicou: morreu enquanto caixinha, enquanto disciplina, enquanto ferramenta.
“O quer dizer o termo ‘internauta’? Existe, por acaso, o termo ‘tevenauta’?” Tudo é digital. Para pessoas com menos de 20 anos, não existe o não-digital.

O que estamos discutindo aqui hoje, na Europa e nos USA já é passado, já foi superado.
Ilustrou: a Agência do Ano de Cannes 2009 foi a DM9. Bacana. Brasil bem na fita.
Mas, como é feita a eleição? Simples: a agência que soma mais pontos em TV, Outdoor, Rádio e Press é a melhor. Genial. Isso talvez explique porque o Brasil não teve uma campanha sequer no short list de TITANIUM, a categoria mais desejada de Cannes.
DM9. A agência do ano da propaganda velha.

Ele ironizou dizendo que num futuro próximo deverá haver apenas uma categoria em Cannes, pois as mídias não funcionam mais separadamente. Hoje em dia, só integrado. Citou o case “Best Job in the World”, que ganhou em Cyber e PR, e que poderia ter abocanhado algo em “Integrated” e “Titanium”. A cada ano fica mais difícil categorizar uma boa campanha. Isso é uma maravilha!

As marcas vêm enxergando que, para obter bons resultados, precisam fazer comunicação que pareça o menos possível com propaganda.

Hoje, é preciso suscitar uma causa, criar um movimento. Foi isso que a Doritos fez na Argentina com o projeto “slow dancing” que convocava os jovens a dançarem músicas lentas, pois só assim conseguiriam se aproximar das pessoas do sexo oposto.




O coração da campanha era digital. O suporte, analógico. O que acontece é que, muitas vezes, as agências do Brasil fazem o contrário: o offline como principal e, para mostrar que são modernas e antenadas, fazem depois o digital (um hot site, uma ação em rede social, etc.). A ordem, nesse caso, muda totalmente o resultado.

Outro case que Tripolli mostrou foi o da Zuji. Uma agência de viagens australiana de “baixo custo” que foi pega em cheio no inicio da crise econômica. A saída mais fácil seria fazer anúncios e comerciais de TV vomitando as menores tarifas e blá, blá blá. Mas não. Embasada pelo conceito “Faça os feriados acontecerem”, ela começou a fabricar latas de feijão. Isso mesmo. Fabricava e vendia a 10 centavos. Se o consumidor não tinha dinheiro para as viagens porque precisava dele para comprar coisas essenciais, por que não facilitar para que eles tivessem estes produtos?
Utilizavam as embalagens para divulgar o motivo pelo qual criaram produtos baratos: para que as pessoas economizassem e pudessem curtir uma viagem com a Zuji.
Depois, ainda veio a Pasta de Dentes Zuji, o papel higiênico e muitos outros produtos.



Essa campanha dá uma aula de como ser relevante e envolvente, termos tão em voga ultimamente.

Finalizou dizendo:
Há pouco tempo, a ordem da criação era: Grande Ideia. Filme, impresso. On line (se possível).
Hoje: Grande Ideia. Engajamento. Mídia.

7 comentários:

Raul Otuzi disse...

Ótimo, Matheus. Algumas coisas óbvias, já discutidas a exaustão entre nós, outras nem tanto. O importante é perceber de uma vez por todas que o que as pessoas desejam é comunicação real, não propaganda.

Abraço.

Unknown disse...

Se a comunicação não tem mais fronteiras como ele diz, a DM9 é sim, a agência do ano, sem aposto nem preposto. Afinal, muitas das idéias que foram vencedoras ali, eram perfeitamente aplicáveis no ambiente digital. Aliás, a Dm9 já foi a agência do ano na categoria Cyber, o que deve doer muito para o dono de uma agência 100% "digital" como ele.

O fato é que, se o Brasil não vai mais longe em inovação, e por conta disso não leva Titanium, também é responsabilidade dos clientes que aceitem mais as novas formas de fazer comunicação. Acho uma puta hipocrisia esse senhor falar tanto em redes sociais e guerrilha, sendo que mesmo as agências de internet, na prática, perdem muito mais tempo fazendo banners e sites do que inovando.
Por isso, penso que é um pouco perigosa essa polarização que tentam nos empurrar. Tanto faz o meio, o que tem que morrer é a má vontade do mercado em entender o novo.

maurício disse...

Redes sociais, redes sociais, redes sociais, agora só se fala nisso...

Unknown disse...

pois é... dos mesmos diretores de "comunicação 360" e "convergência"...

kelson disse...

O que é o novo? As propagandas que vejo na tv contuinuam a mesma coisa: celebridade, musiquinha,música famosa, demonstração de produto, uma piadinha. O que é de fato novo?

Unknown disse...

O comportamento do consumidor mudou. Isso é relativamente novo.

MD disse...

É claro que o cara ia vender o peixe dele. Mas achar que qualquer marca vai criar engajamento, que vai virar um movimento, é uma tremenda idiotice. Coisa de quem nunca trabalhou no lado de cá, em marketing.
Esse pessoal pega exemplos de exceção para ilustrar as palestras e esquece dos 99% que não são exceções. Quando você vende US$ 100 milhões de um produto por ano, quer sim ter certeza que vai atingir o seu público, e não fazer experiências. O Brasil ainda é muito Big Brother e novela, gente ! Vai vender margarina pela internet para ver o que acontece.
Nota zero para esse Tripoli. Mais um enrolador no circuito de plestrantes.