As palavras “lógica” e “lógico” são familiares a todos nós e usadas comumente com o sentido de “razoável”. Essa acepção pode ser considerada um derivativo do sentido mais técnico do termo que caracteriza os “argumentos racionais”.
Desde Aristóteles (384 aC–322 aC) a lógica vem sido sistematizada na filosofia e, numa definição simples, é o estudo dos métodos para distinguir um raciocínio correto de um incorreto (falácia). Embora as falácias sejam raciocínios incorretos, podem ser muito persuasivas. Confira algumas das falácias mais comuns:
1- Argumentum ad Baculum (recurso à força)
Usar a força para provocar a aceitação de uma conclusão. Ameaçar, intimidar.
Exemplo: Numa discussão um dos oradores diz: “é bom concordar, senão você sabe das conseqüências”.
2- Argumentum ad Hominem (ofensivo)
É cometida quando, em vez de refutar a verdade do que se afirma, ataca-se a pessoa que fez a afirmação.
Exemplo: A filosofia de Bacon é indigna de confiança, pois ele foi demitido do seu cargo de chanceler por desonestidade.
3- Argumentum ad Hominem (circunstancial)
Aceitar ou negar argumentos devido à determinada circunstancia que tal pessoa se encontra.
Exemplo: Afirmar que o sacerdote que está envolvido numa discussão deve aceitar determinado argumento, pois sua negação é incompatível com as Sagradas Escrituras.
4- Argumentum ad ignorantiam (ignorância)
Proposição sustentada como verdadeira na base, simplesmente, de que não foi provada sua falsidade, ou como falsa, porque não demonstrou ser verdadeira.
Exemplos: Deve haver fantasmas, visto que ninguém foi capaz de provar que não existem ou Deus não existe, visto que não há provas de sua existência.
5- Argumentum ad Misericordiam (apelo à piedade)
Apelar para a compaixão para que determinado argumento seja aceito
Exemplo: Advogado num tribunal defendendo um agricultor acusado de assassinato: “Apelo em nome dos homens oprimidos que levantam antes do amanhecer e só voltam aos seus lares ao final da noite. Aos cidadãos que doam suas vidas e seu trabalho para que outros se enriqueçam...”
6- Argumentum ad Populum
Ganhar a concordância popular para uma conclusão, despertando as paixões e o entusiasmo da multidão. É um recurso constantemente utilizado por demagogos e publicitários.
Exemplo: Tal marca de automóvel é melhor porque é a mais vendida no Brasil.
(A aceitação popular de uma atitude não prova que seja razoável)
7- Argumentum ad Verecundiam (apelo à autoridade)
Recurso a autoridade, a um sentimento de respeito que as pessoas alimentam pelos indivíduos famosos. Também muito usado na propaganda (testemunhal).
Exemplo: O cosmético X é melhor porque determinada atriz usa.
Caracterizado também quando se recorre a uma autoridade para testemunhar em questões que estão fora da sua especialidade.
Exemplo: utilizar argumentos da teoria evolucionista de Darwin numa discussão religiosa.
8- Acidente
Aplicar uma regra geral a um caso particular.
Exemplo: O que você comprou ontem comerá hoje; você ontem comprou carne crua, portanto comerá hoje carne crua.
9- Acidente convertido
Usar casos excepcionais para abranger o todo.
Exemplo: considerando os efeitos do álcool apenas sobre os que se entregam à bebida em excesso, concluir que todas as bebidas alcoólicas são nocivas e solicitar a proibição legal de sua venda.
10- Falsa Causa
Tomar como causa de efeito algo que não é sua causa real. Inferência de que um acontecimento é a causa de outro simplesmente porque o primeiro é anterior ao segundo.
Exemplo 1: O fato de um selvagem bater um tambor durante um eclipse não é a causa de o sol reaparecer.
Exemplo 2: Senhora X toma dois vidros de um milagroso remédio de ervas e, após duas semanas, seu resfriado desaparece.
11- Pergunta complexa
Perguntas que pressupõem uma resposta anterior. Freqüentemente utilizada nos tribunais para evidenciar contradições.
Exemplo: Você deixou de bater em sua esposa?
Com uma pequena noção já é possivel construir raciocinios convincentes e, se for pra cometer uma falácia, que seja propositalmente.
segunda-feira, 18 de agosto de 2008
Filosofia de segunda
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Um comentário:
Matheus, muito bacana esse post.
Explica com simplicidade e clareza a 'mecânica' dos argumentos racionais.
Valeu!
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