A partir de hoje e, com intuito de cumprir a promessa feita a mim mesmo, toda segunda-feira, vou trazer à discussão assuntos filosóficos que dizem respeito à nossa vida, numa linguagem leve e, até onde permitir minha limitação, profunda.
Para começar, o tema:
Homem, liberdade ou determinismo?
Semana passada, numa das aulas de ética, acalorou-se uma discussão sobre o conceito de liberdade humana. Com os jogos Olímpicos em pleno vapor, a China no foco da mídia, veio à tona a questão do Tibet, dos direitos humanos e todo esse papo de liberdade.
Entretanto, acontece com freqüência de julgarmos os fatos e raramente paramos para pensar em nós, em como aquela situação não está tão distante da nossa realidade.
Nós, que vivemos num país democrático, sem guerra, podemos nos considerar livres?
A liberdade estaria ligada estritamente a situações exteriores ao indivíduo?
Segundo o senso comum, o ser humano é livre para determinar suas ações.
O dicionário traz a definição de liberdade: faculdade de escolher; independência.
Muito bem! Vamos nos aprofundar nessa “escolha”.
Antes uma ressalva. Para esgotar o tema, teríamos que analisar vários aspectos, como genética, religião, etc. Num exercício forçosamente reducionista, vou deter-me em dois pontos:
O primeiro a ser considerado é o recorte social e temporal a que todos os homens estão sujeitos, do nascimento à morte. Em nossa sociedade contemporânea, está “estabelecido” que a monogamia, a prosperidade e a heterossexualidade, por exemplo, são da natureza humana. Mas o que é a natureza humana?
Os gregos antigos, por julgarem o trabalho como uma atividade vil ou manter relações homossexuais eram menos humanos que nós?
Segundo, mesmo certo de que determinada decisão foi tomada livremente, esta foi feita por uma pessoa com uma ascendência cultural.
Para ilustrar: suponha que a filha de um professor está muito gripada, pedindo a todo o momento a presença do pai. Este, teoricamente, tem a opção de terminar sua aula mais cedo para atender aos clamores da filha. Se sua educação foi dada em padrões que valorizam o trabalho, o afinco profissional, ele cumprirá com o seu dever levando a aula até o horário pré-estabelecido. Agora, se ele foi educado aos moldes “família em primeiro lugar”, sequer lecionará neste dia.
A decisão que deveria ser tomada não vem ao caso. O cerne da questão é: somos livres, na plenitude do termo, ou marionetes do que quer que seja?
segunda-feira, 11 de agosto de 2008
Filosofia de segunda
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4 comentários:
Acho que liberdade, na real, não existe. De forma absoluta ninguém pode fazer o que deseja, porque tem outras pessoas na jogada e isso implica em interferências, influências... Mas também não acredito que sejamos marionetes. Não o tempo todo. Existem momentos em que somos mais livres, outros mais presos. Nas 24 horas por dias de nossa vida, alternamos nossos sentimentos, nosso poder de escolha.
Somos marionetes. Marionetes do dinheiro, do nosso chefe, do governo, de um amigo que te liga para beber (e você vai) quando você já havia decidido dormir...
Essa tal de liberdade é mais rara que a tal de felicidade.
Lembrando Sartre: "A liberdade te condena". Tenha a liberdade de escolher e fazer o que quiser e ganhe junto um pacote inteirinho de conseqüências e responsabilidades, pesando o equivalente às suas decisões. É o preço.
A liberdade é mera ilusão, assim como o que temos como realidade.
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