segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Filosofia de segunda

Há metafísica bastante em não pensar em nada.

O que penso eu do mundo?
Sei lá o que penso do mundo!
Se eu adoecesse pensaria nisso.

Que ideia tenho eu das cousas?
Que opinião tenho sobre as causas e os efeitos?
Que tenho eu meditado sobre Deus e a alma
E sobre a criação do Mundo?

Não sei. Para mim pensar nisso é fechar os olhos
E não pensar. É correr as cortinas
Da minha janela (mas ela não tem cortinas).

O mistério das cousas? Sei lá o que é mistério!
O único mistério é haver quem pense no mistério.
Quem está ao sol e fecha os olhos,
Começa a não saber o que é o sol
E a pensar muitas cousas cheias de calor.
Mas abre os olhos e vê o sol,
E já não pode pensar em nada,
Porque a luz do sol vale mais que os pensamentos
De todos os filósofos e de todos os poetas.
A luz do sol não sabe o que faz
E por isso não erra e é comum e boa.

Metafísica?
Que metafísica têm aquelas árvores?
A de serem verdes e copadas e de terem ramos
E a de dar fruto na sua hora, o que não nos faz pensar,
A nós, que não sabemos dar por elas.
Mas que melhor metafísica que a delas,
Que é a de não saber para que vivem
Nem saber que o não sabem?

"Constituição íntima das cousas"...
"Sentido íntimo do Universo"...
Tudo isto é falso, tudo isto não quer dizer nada.
É incrível que se possa pensar em cousas dessas.
É como pensar em razões e fins
Quando o começo da manhã está raiando, e pelos lados das árvores
Um vago ouro lustroso vai perdendo a escuridão.

Pensar no sentido íntimo das cousas
É acrescentado, como pensar na saúde
Ou levar um copo à água das fontes.

O único sentido íntimo das cousas
É elas não terem sentido íntimo nenhum.

Não acredito em Deus porque nunca o vi.
Se ele quisesse que eu acreditasse nele,
Sem dúvida que viria falar comigo
E entraria pela minha porta dentro
Dizendo-me, Aqui estou!

(Isto é talvez ridículo aos ouvidos
De quem, por não saber o que é olhar para as cousas,
Não compreende quem fala delas
Com o modo de falar que reparar para elas ensina.)

Mas se Deus é as flores e as árvores
E os montes e sol e o luar,
Então acredito nele,
Então acredito nele a toda a hora,
E a minha vida é toda uma oração e uma missa,
E uma comunhão com os olhos e pelos ouvidos.

Mas se Deus é as árvores e as flores
E os montes e o luar e o sol,
Para que lhe chamo eu Deus?
Chamo-lhe flores e árvores e montes e sol e luar;
Porque, se ele se fez, para eu o ver,
Sol e luar e flores e árvores e montes,
Se ele me aparece como sendo árvores e montes
E luar e sol e flores,
É que ele quer que eu o conheça
Como árvores e montes e flores e luar e sol.
E por isso eu obedeço-lhe,
(Que mais sei eu de Deus que Deus de si próprio?),
Obedeço-lhe a viver, espontaneamente,
Como quem abre os olhos e vê,
E chamo-lhe luar e sol e flores e árvores e montes,
E amo-o sem pensar nele,
E penso-o vendo e ouvindo,
E ando com ele a toda a hora.

Fernando Pessoa (heterônimo Alberto Caeiro) - O Guardador de Rebanhos

domingo, 20 de dezembro de 2009

Bacaninhas

Navegando pelo site do CCSP revi esses 2 anúncios e resolvi compartilhá-los.


quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Desaprendamos

Carta apresentada aos demais sócios da Abelha Rainha na reunião de planejamento 2010

2009 foi um ano de aprendizado.
Apesar dos percalços, o caminho fora bem percorrido.
Aprendemos a trabalhar juntos.
Aprendemos a conquistar clientes.
Aprendemos, em suma, a ser uma agência de comunicação.

Sob esse ponto de vista, não resta dúvida que aprender é o que faz crescer o bolo da existência. Mas tudo, sem exceção, tem no mínimo dois lados. E para sermos justos, as possibilidades devem ser analisadas.
Aprender, de fato, é essencial. Mas ouso dizer que desaprender é muito mais importante. E infinitamente mais difícil. Esvaziar o copo para novamente enchê-lo com água cristalina: eis a constante tarefa do homem de comunicação.

Com a maior naturalidade, aceitamos e reproduzimos jargões do tipo “É varejo!” ou “Mas isso não tem cara de Natal!” ou ainda “É promocional, tem que aparecer mais o produto!”.
Como se Natal, vermelho e “Jingle Bells” tivessem nascido juntos; como se não fosse possível vender um produto sem mostrá-lo, apenas aguçando a imaginação do consumidor.
Alguns desses preceitos estão de tal forma arraigados que parecem impressos em nossa alma. E o pior é que, na maioria das vezes, não nos damos conta do nosso próprio condicionamento.
Imagino uma mesa de madeira, daquelas usadas para testes motores, com três buracos: um quadrado, um circular e outro triangular. A propaganda ruim coloca o círculo no buraco quadrado ou vice-versa. A boa propaganda coloca as peças nos seus devidos buracos. Umas agências têm as peças mais bonitinhas. Outras têm a mesa mais arrumadinha. Mas todas estão presas ao mesmo jogo. Poderiam objetar-me: mas esse é o jogo da própria propaganda, ora bolas. E eu nego perguntando: Por que essa mesa? Por que estas peças? Por que, enfim, esse jogo e não outro qualquer? Se o homem tivesse sido criado com três olhos, estranho seria aquele que nascesse com dois.
Em comunicação, as possibilidades são infindas. Não podemos ficar presos, restritos às fórmulas ou formatos pré-estabelecidos. Como, por exemplo, anunciaríamos um produto se não existisse jornal, rádio ou televisão?
Ainda mais preocupante é utilizarmos mensagens pré-concebidas. “Já deu certo assim. Já fizemos ou já vimos fazerem antes. Por que então mudar?”
Fato, é que devemos vislumbrar a comunicação em seu sentido lato, não somente como propaganda, mas como comunicação humana, como processo pelo qual idéias e sentimentos se transmitem de indivíduo para indivíduo, tornando possível a interação social.

Obviamente temos que considerar o senso comum. Afinal, não fazemos arte e sim propaganda. Temos responsabilidades para com os nossos clientes. Temos que entregar o almejado resultado. Mas, colocando na balança, será que estamos extraindo o supra-sumo da nossa criatividade? Será que não estamos nos deixando levar pelo sistema? Estamos entregando a grande idéia? Mais que isso: estamos nos esforçando o suficiente para alcançá-la?

Perguntas, perguntas e mais perguntas. Sinceramente eu não sei responder a maioria delas. Sei, no entanto, que este ano, a Abelha Rainha conquistou respeito e notoriedade. É tida como uma boa agência de publicidade. Mas, o Quentin Tarantino é um bom diretor. O Petkovic é um bom jogador. O Lenine é um bom compositor. E o que dizer deles quando comparados a Charles Chaplin, Maradona e Vinícius de Moraes?

Sermos bons não é o bastante. A Abelha Rainha nasceu para virar de cabeça para baixo a história da comunicação. E para que isso comece a se delinear já em 2010, desejo muito “desaprendizado” para nós.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Aquecimento global?

Está rolando a Convenção do Clima em Compenhague na Dinamarca. Quase todos a estão rotulando de "a mais importante para o futuro da humanidade". Mas, tudo, sem exceção tem dois lados. Segundo o meteorologista brasileiro Luis Carlos Molion há uma histeria sobre o aquecimento global. Ele garante que, ao contrário de aquecer, o planeta iniciou uma nova fase de esfriamento. Para o especialista em mudanças climáticas, a Conferência é antes de tudo político-econômica.

Abaixo uma entrevista de Molion de 2008:

Mitos

A canção “Um raio de sol”, do grupo catalão “Los diablos”, que fez sucesso nos anos 70, agora inspira dois mexicanos, numa espécie de “quebradita”.



E você, já fez algum flashmob?

Curtinha

A diferença entre um escritor e um redator publicitário é que o primeiro tem que saber escrever.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Virou moda

Parece que a onda das redes sociais invadiu de vez o mundo musical.
Se aquela canção postada pelo Raulzão há 11 dias é o melhor hit do ano, seria essa a melhor da década?

Recado eletrônico

Vi no PEGN: Site inglês acaba de lançar o substituto dos famosos "recadinhos em pedaço de papel fixados com imã na porta de geladeira". Trata-se do Digital Video Memo. Capaz de gravar 30 segundos de mensagem em vídeo, o aparelho possui uma tela de 4 cm e custa em torno de R$ 120,00.

Hoje substituem o imã, amanhã a geladeira, depois a esposa e enfim você.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Filosofia de Segunda

Qualquer semelhança não é mera coincidência

“Houve na história uma ‘Idade do Ferro’, que foi precedida de outras superiores (Ouro, Prata, Bronze). Nesta época, a humanidade estava em decadência moral; os homens viviam em lutas e litígios constantes, e a todo o momento provocavam desgraças e injustiças. Zeus, irritado com tanta depravação, resolveu dizimar o gênero humano. Para isso, provocou um dilúvio colossal de forma a que nenhum ser humano sobrevivesse.
Porém, entre os homens, existia um que não merecia tal castigo: Deucalião (e sua esposa Pirra). Ele era um homem justo; ela, uma devota fiel dos deuses. Quando o pai de Deucalião, Prometeu, devido à sua natureza divina, soube da intenção de Zeus, aconselhou-o a construir uma grande embarcação sólida, capaz de resistir à força das águas do Dilúvio.
Deucalião e Pirra ficaram nove dias e nove noites encerrados no grande barco. No décimo dia desembarcam no monte Parnaso. De todas as montanhas, apenas o Parnaso ultrapassa as águas. Ali, Deucalião e sua esposa encontram refúgio. Vendo que não havia outro vivente além desse casal, e lembrando-se de sua vida inofensiva e conduta piedosa, Zeus ordenou aos ventos do norte que afastassem as nuvens e mostrassem o céu à terra e a terra ao céu. Quando as águas desceram, Deucalião e Pirra perguntaram ao oráculo de Delfos como poderiam reconstituir a humanidade. O oráculo disse-lhes: “Atirem os ossos de sua mãe.” Os dois jogaram, então, para de atrás de si pedras, que representam os ossos da mãe Terra. Das pedras lançadas por Deucalião nasceram homens; das pedras lançadas por Pirra nasceram mulheres”

Histórias de Dilúvio encontravam-se presentes em quase todas as civilizações mesopotâmicas (e até nas civilizações pré-colombianas na América). Não é de se espantar a semelhança com a história de Dilúvio Bíblico. A influência judaico-cristã é infinitamente maior sobre nós do que a Grega. Por isso a maioria, seja por desconhecimento, seja por “fé”, dá primazia a Noé. Não é meu intento desacreditar a Bíblia. Apenas faço emergir a necessidade de analisarmos com mais critério o que lemos e tomamos como verdadeiro.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Santo Jornalismo.

"Papa Bento XVI condena casos de abusos contra crianças na Irlanda"



Está na capa do UOL de hoje. E como esta, milhares de outras notícas imbecilizantes rodam a Internet e os veículos impressos. (E um jornal de circulação nacional tem a audácia de usar como argumento de venda o conhecimento!)

O cara é o elo do homem com Deus (segundo o catolicismo). Só faltava ele aplaudir publicamente o estupro. Se bem que a coerência não é o forte da Vossa Santidade: a pobreza assolando o mundo e ele usando sapatos de milhares de dólares.

Rifo meio fusca!

Deve ser um ação publicitária. Se não for, é mais louco ainda:

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Bebida & direção

Vi no brainstorm9.

A agência Grey Melbourne, da Austrália, criou uma série de comerciais para a TAC (Transport Accident Commission), visando a conscientização envolvendo bebida e direção. Agora, fizeram um compacto ao som de R.E.M.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Twittada

No portal G1, hoje, foi publicado uma matéria falando sobre 10 medidas para combater a corrupção. Dentre as medidas, a principal, segundo a reportagem, é acabar com o caixa dois.
Leia a matéria na íntegra aqui.

Fica a pergunta: não estaria a corrupção enraizada em nossas origens?

Adendo: um dia desses ouvi um padre agradecendo aos fiéis a colaboração financeira que seria utilizada para comprar um sistema de som para a igreja, no valor de R$ 32 mil. Após a pronúncia, os devotos bateram palmas.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Desobvialize

A Brastemp adotou um novo posicionamento. Um posicionamento que promete resultar em produtos mais inteligentes.


Apesar do nome ser bacana, me pareceu algo do tipo "já vi isso antes".

#Copenhague

Pra entender um pouquinho mais as mudanças climáticas do planeta, aqui está o link de uma excelente reportagem de Sonia Bridi, veiculada no Fantástico de ontem.

Amigos da HP

Matt Robinson e Tom Wigglesworth, da Universidade de Kingston, de Londres, ganharam o prêmio D&AD Student Award deste ano, com o vídeo abaixo.

Isso é que eu chamo de uma boa impressão.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

A melhor música do ano

Descobri essa música sensacional, Pesquisa de Amor de Ana Elisa e Mariana, ontem em uma rádio aqui de Ribeirão. Normalmente (por questões de gosto particular) eu nem passaria perto dessa estação, mas como de vez em quando eu me arrisco a ouvir uns troços diferentes, eu me deparei com essa preciosidade.

O refrão é maravilhoso, uma verdadeira pérola da poesia romântica contemporânea cibernética:

Me joga no Google, me chama de pesquisa, me diz que eu sou tudo que você procurava.

Puxa, isso é muito bom. Sério! Além de criativo, é muito bem -humorado. Viva o sertanejo universitário. Sem maldade!

O Governador do DF e seus panetones!

Anúncio de oportunidade da W/


Twitter na vida real

O que seria das pessoas se elas produzissem no cotidiano apenas mensagens de 140 caracteres?



A criação é da colombiana Bogota With Love.

Almodóvar nas telonas

Estreia hoje, nas principais salas de cinema do País, a produção mais recente de Pedro Almodóvar, Abraços partidos.
O longa é protagonizado por Penélope Cruz.


O filme foi indicado à Palma de Ouro do Festival de Cannes esse ano.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Amizade e diversão

Dentre várias ações que estão começando a ser desenvolvidas para a nova campanha da coca-cola, destaco o novo comercial, veiculado na Austrália.

A criação é da Ogilvy, de Sydney, com produção da 8 Commercials.

Como criar uma campanha de Natal para o espetacular e surpreendente varejo


Simples, simples, simples. Pegue a palavra Natal, adicione um adjetivo e pronto: está criado um belo, fantástico e super tema para uma campanha de Natal que fará muito sucesso e trará muitas vendas para a empresa.

Abaixo seguem inspirações, de A a Z. Algumas combinações são óbvias, desgastadas, mas outras, puxa, tem um quê de criatividade. Confira.

Ah, a ordem dos fatores, em alguns casos, altera o produto.

A
Amado Natal
Antológico Natal
Auspicioso Natal

B
Bacanérrimo Natal
Belezura de Natal
Bom Natal

C
Cabuloso Natal
Caprichoso Natal
Completo Natal

D
Delicioso Natal
Demais Natal
Divino Natal

E
Especial Natal
Empolgante Natal
Enfático Natal

F
Fabuloso Natal
Feliz Natal
Fulgurante Natal

G
Geométrico Natal
Gracioso Natal
Grande Natal

H
Hermoso Natal
Histórico Natal
Honrado Natal

I
Impetuoso Natal
Incrível Natal
Infalível Natal

J
Jeitoso Natal
Jóia Natal
Jubiloso Natal

L
Legal Natal
Lindo Natal
Luminoso Natal

M
Mágico Natal
Maravilhoso Natal
Memorável Natal

N
Natural Natal
Nonsense Natal
Novo Natal

O
Ó Natal
Organizado Natal
Ornamentado Natal

P
Portentoso Natal
Polêmico Natal
Puro Natal

Q
Que Natal!
Querido Natal
Quixotesco Natal

R
Reciclável Natal
Respeitoso Natal
Retumbante Natal

S
Sensacional Natal
Super Natal
Surrealista Natal

T
Travesso Natal
Tesão de Natal
Tamanho Família Natal

U
Urdido Natal
Ululante Natal
Uhtererê é Natal

V
Valioso Natal
Valoroso Natal
Venerável Natal

X
Xibante Natal
Xiquexique Natal
Xodó de Natal

Z
Zeloso Natal
Zen Natal
Zombeteiro Natal

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Twittada

Em tempos de conteúdo colaborativo, o Google, cedendo as pressões da News Corp, anuncia que irá permitir que editores limitem o acesso gratuito às notícias publicadas no portal.

Será essa a melhor solução?
Vejamos como exemplo o caso das músicas/gravadoras.

Feliz Natal?

Uma dica bacana pra quem tá afim de enviar um cartão ou um email mkt de Natal ou de Ano Novo. No Yablog, Fábio Yabu desenvolveu cartões e disponibilozou para download, mas ao invés do tradicional “Feliz Natal e Próspero Ano Novo“, trabalhou em temas mais concretos, para que 2010 seja um ano realmente mais legal para todos.



Vale a pena conferir.

Mas, como eu convido?

Ricardo Amado, o consultor sentimental do Savana, dá todas as dicas pra você que quer convidar aquela pessoa especial para ir ao motel. Pode ser amigo (a), desconhecido(a), namorado (a) e mais.

Abaixo, 4 dos 12 vídeos. Para ver mais, acesse http://www.vamosaosavana.com.br/









Até quando as imagens vão ganhar?


Li no CCSP e não pude deixar de postar: "A carioca Staff emplacou um anúncio na edição de novembro/dezembro da Archive. A peça traz o conceito 'Até quando as imagens vão ganhar?' e divulga a oficina de redação da ESPM/RJ."

Para quem é redator e professor de redação publicitária como eu, serve de alerta, motivação, inspiração.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Baterias automotivas? Dá pra ser criativo.



Comercial criado pela agência Firehouse, de Dallas.

Século XXI?

Recentemente, em nome da moral e dos bons costumes, tiraram do ar um comercial da Havainas no qual uma senhora dizia a palavra "sexo" para a neta.

Na última semana entrou no ar a campanha "vamos ao savana" da Abelha Rainha. E adivinhem?!O comercial foi censurado pela Rede Globo antes mesmo de verem o filme.
"Motel, a partir desse mês, só depois das 22 horas.

Fiz questão de comparar o comercial com o trecho da novela "Duas Caras" . O que é mais "imoral"?







E mais: no portal da EPTV (retransmissora da Globo), a peça abaixo foi censurada por ser considerada "forte" demais. O que quer dizer essa palavra, pergunto eu.



Definitivamente, estamos a mercê do Império da Hipocrisia.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Massa!

A empresa americana Moody Pets lançou uma bola com bigode para deixar as brincadeiras dos cachorros mais divertidas (pra nós).


quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Twittada

Qual sua atitude diante do aquecimento global?

Ligar o ar condicionado?

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Burtonland no MoMA

Essa é pros brazucas que estão aproveitando a valorização do Real pra dar “aquela” viajada.
Um dos diretores mais inovadores da história do cinema, Tim Burton, conhecido pelo romantismo, melancolia e solidão de seus filmes, também é talentoso nos desenhos, pinturas e esculturas. Suas obras estão em exposição no Museu de Arte Moderna de Nova York.













Vale a pena conferir.

MoMA
11 West 53 Street

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Gosta de ler?

Olá jovens.
Desculpem a ausência.
Esta semana postarei um resumo das demais palestras que assisti no Intercon.
Enquanto isso, aqui vai uma dica muito bacana para quem, ao mesmo tempo, gosta de ler e é antenado.
Trata-se da rede social "O livreiro", uma espécie de orkut do mundo dos livros, onde podemos criar ou participar de comunidades e debates sobre autores favoritos, comentar, conhecer pessoas com os mesmos gostos literários e, inclusive, comprar livros on line.

Se interessou? Clique aqui e confira.

Abraços.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Quer ser um bom publicitário? Não faça publicidade.

Esse título fala “publicitês”, diria grande parte dos diretores de criação. Tem ironia e um duplo sentido que, apesar de duplo sentido, enseja uma séria questão axiológica. Se meu filho (embora ainda não o tenha) chegasse de supetão e dissesse “pai, quero ser publicitário!” o que eu faria? Primeiro, usaria de todos os subterfúgios para arrancar essa idéia maluca de sua cabeça. Se o moleque batesse o pé, aconselhá-lo-ia a não cursar Publicidade, Propaganda, Marketing e afins. A faculdade, ao mesmo tempo em que suscita um deslumbramento, condiciona o universitário a pensar publicitariamente, dentro de um modelo pré-concebido. Eis o primeiro sentido de não fazer publicidade que o título sugere. Mas, não fazer publicidade, significa, principalmente, não praticar essa publicidade bunda mole, viciosamente circular, que é mera reprodução. Uma publicidade que usa o que já deu certo como meta e não como parâmetro para fazer diferente.

A maioria dos publicitários de hoje entende um tanto de publicidade, mas não entende de comunicação. A começar, não conhecem os mecanismos do conhecimento humano, as possibilidades que a sua estrutura cognitiva propiciam. Mais que isso: não conhecem o funcionamento da vontade, da faculdade de desejar, que é a mola propulsora do consumo; aquela faísca que desperta a empatia por esta ou aquela marca e cria a necessidade de compra.
Não conhecem, ainda, os meandros do sistema que fomentam, o sistema para o qual trabalham 10 ou 12 horas de cada santo dia seu. Por que é assim e não assado? Quais os caminhos históricos percorridos que fazem do mundo o que ele é hoje? Qual a origem do capitalismo? Grande parte não conhece sequer a origem da propaganda. Não sabe que se faz propaganda (propagare em latim) desde a Idade Média pela Igreja Católica com o intuito de difundir a fé cristã e que bem antes disso (mesmo sem a utilização do termo), os escritos de Lívio, já eram obras-primas da propaganda estatal pró-Roma.

Aí, quando questionados, quando colocados contra a parede, as reações dos profissionais são as mais diversas, dependendo da área de atuação.

Uns vêm com milhares de gráficos, tabelas, slides e querem mostrar que a publicidade tem um “quê” de exatidão. Querem provar por A mais B que a propaganda pode ser ciência. Mas, esses profissionais, que andam com a calculadora na bolsa e o esquadro debaixo do braço, apresentam, por exemplo, perfis sociais que mais parecem referir-se a pastas de um almoxarifado do que a pessoas. “É preciso fazer essa mídia e aquele canal para atingir o público-alvo (target para os mais empolados) - homem, 25-50, classe B”. São receitistas. Para a doença X, o remédio Y funciona. Por quê? Porque sempre funcionou, ora bolas.

Do outro lado, os ávidos por novidade. Engajamento, envolvimento, convergência, conteúdo colaborativo, redes sociais. Eis alguns termos já desgastados para esses caras (sem contar as milhares de siglas que nem eles mesmos sabem os reais significados).
“Nessa campanha, vamos usar o Twitter, You Tube, criar um perfil no Orkut e outro no Facebook...”
“Ótimo, mas o quê, efetivamente, vamos colocar nesses meios?”
“Isso depois a gente vê.”
Não sabem distinguir o novo da novidade. O novo é aquilo que chega e implanta uma modificação positiva e consistente. A novidade é efêmera. É modismo. É passageira. Ilustro com o “Second Life” que era a grande revolução para muitas marcas. E quem, hoje em dia, cogita-o como ferramenta de comunicação?
Muitos usam a novidade como válvula de escape, como máscara para a falta de conteúdo. E mais: vivem mais o virtual do que o real. Têm mais amigos no Orkut do que na vida. Conversam com o colega de trabalho por MSN. Resultado: não têm um pingo de sensibilidade, de tato. Fazem uma publicidade que nada tem de humana.

Especificamente em criação, conheço vários “redatores” que não sabem escrever. Não conhecem a linguagem, não leram as obras mais essenciais para a formação cultural de qualquer cidadão. Sequer têm o hábito da leitura. “Diretor de arte” que não conhece minimamente História da Arte, do Design, Cinema e Fotografia é o que não falta.

Mais do que erudição, falta a esses profissionais, Espírito Artístico (no sentido lato, expresso na filosofia do romantismo alemão do século XIX). Tanto quem cria, quanto quem contempla tem que ser tocado artisticamente. Trago um pequeno trecho de João Francisco Duarte Júnior que nos auxilia a esse respeito: “A arte tem o poder de, quando contemplada, estimular o contato frente a frente com nossos próprios sentimentos.”

Então, veja menos propaganda. Estude psicologia, filosofia, literatura, arte. Escute música clássica, MPB e Jazz. Vá a museus e teatros. Mas nunca, nunca mesmo, deixe de freqüentar o sambão da periferia e o forró do subúrbio. Converse com o povo. Tire uma tarde para bater aquele papo com o aposentado na praça ou com o sorveteiro da esquina.

Com isso, você poderá aprender o essencial à boa propaganda: contar histórias. Apesar de ser uma celebração desde que a humanidade se percebeu como tal, pouquíssimos sabem fazer bem. Homero, na Grécia Arcaica, com as suas grandes epopéias, refletia o espírito do povo; era difícil, embora transmitidas oralmente, um grego que não conhecesse as sagas de Aquiles e Ulisses. Outro exemplo ímpar é o efeito catártico que as tragédias gregas engendravam nos cidadãos. É de arrepiar imaginar 35 mil pessoas reunidas na “arena” para contemplar em êxtase uma história que ia além do entretenimento, era a própria visão de mundo, a representação artística da existência humana. Exemplos tupiniquins não faltam pra compor a nossa banca. Monteiro Lobato, Machado de Assis, Drummond e, porque não, Portinari são exemplos de exímios contadores de histórias escritas e imagéticas.

Acredito que a grande revolução da propaganda não é tecnológica ou digital. O dia em que a propaganda começar a contar histórias envolventes de verdade, esse dia vai ser revolucionário. E, a partir desse dia, poderemos falar em Comunicação.

domingo, 15 de novembro de 2009

Intercon 2009 (3)

Interessante a palestra de Fabiano Meneghetti que contou a sua trajetória de designer e programador e, principalmente, a do seu blog Abduzeedo, que já é um grande sucesso entre os publicitários e aqueles que gostam de design. Muito massa o blog do cara. Muita coisa inspiradora. Para quem não conhece, http://abduzeedo.com.br/

Outro bate papo bacana foi com Leonardo Dias, CEO da TaxiLabs que contou um pouco do advergame Transformers II, produzido no Brasil e aprovado por nada mais, nada menos que Steven Spilberg.
Case completo e outros mais (como o do T-Racer da Fiat) no site http://www.taxilabs.com.br/

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Intercom 2009 (2)


Raphael Vasconcellos, da Agência Click, fechou o ciclo de palestras da manhã de sábado. Apresentou o famoso case da Fiat, o T-Racer, que já ganhou vários prêmios (quem não conhece vale a pena assisti-lo abaixo).





Mas, o mais impressionante na minha opinião, foi o case "Unique Types" para a AACD - Associação de Assistência à Criança Deficiente.
O cerne do projeto é simples: instigar designers gráficos, artistas digitais e tipógrafos a criar fontes inspiradas nas crianças que sofrem com algum problema físico. As fontes serão registradas sob licenças da Creative Commons e podem ser usadas por outras agências em suas campanhas.


A ideia nasceu bem menor: um dos diretores de arte quis fazer um banner animado no qual parte das letras que compunha um nome próprio desaparecia mostrando que "não fazia falta" para o entendimento do todo. Vale a pena ver o vídeo abaixo:



Intercon 2009



No último sábado, eu, o Raul e o Matheus fomos ao Intercon, em São Paulo.
Realizado pela iMasters, o evento, em sua sexta edição, reuniu 30 palestrantes em 3 ambientes (Business; Tecnologia; Criação e Inovação) e contou com a participação de diversas pessoas.
Como foco principal o meio digital e suas ferramentas de inovação, onde cada palestrante abordou características singulares, dentro da experimentação e tecnologia, para o sucesso da comunicação.
A partir de hoje, compartilharemos trechos que julgamos importantes.

Começo com a palestra de Marcelo Coutinho (Ibope Inteligência), no Ambiente Businnes, que fez um paralelo das ações praticadas hoje no meio digital pelas empresas com a teoria da Catedral e o Bazar e finalizou com uma verdade não vista por muitos:
“Os consumidores entendem quando as empresas erram. Não entendem quando as empresas mentem.”

domingo, 8 de novembro de 2009

Conversa no ponto de ônibus...

- Para que você faz Filosofia? A imensa maioria das pessoas vive sem isso!
- Sobrevive!

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Curtinha

Não existe História. O que há são interpretações históricas.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Hein?

Num futuro, não muito distante, pessoas de nacionalidades diferentes falarão entre si, cada um no próprio idioma e todos se entenderão.

Duvida? clique aqui e veja.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Filosofia de segunda

MARCUSE: A REPRESSÃO DO SÉCULO XX.

O século XX e seus fenômenos históricos tais como o fracasso do socialismo real e as duas grandes guerras, impuseram difíceis questões aos pensadores, em especial, aos marxistas. A principal: deve-se abandonar o projeto comunista ou preservar o potencial crítico da teoria de Marx?

Nesse contexto de incertezas, funda-se, em 1923, a Escola de Frankfurt. Com inspiração inicial marxista, incorporou diversas contribuições filosóficas, sociológicas e psicanalíticas para construir sua teoria crítica. Das questões atinentes ao seu tempo, uma em especial inquietava a esses filósofos: por que não se cumpriu a expectativa iluminista de emancipação da humanidade pela razão?

Hebert Marcuse (1898-1979) foi figura central de Frankfurt. O cerne de sua principal obra “Eros e Civilização” é também uma pergunta: seria possível uma sociedade não-repressiva?
Para responder a isso, Marcuse recorreu a dois autores de peso: fez a intersecção dos conceitos freudianos com aspectos da teoria marxista, a saber, interpretou filosoficamente “A Civilização e seus Descontentes” de Freud e a confrontou com a sociedade capitalista contemporânea.

Vamos a ela: o homem é constituído, basicamente, por dois instintos primários: Eros e Thânatos. Eros é a energia libidinal, o princípio de prazer. Thânatos é a inclinação à destrutividade, pulsão de domínio, de morte. Apesar de opostos, ambos têm procedência comum: o desejo de eliminação da tensão; a vontade de retroagir ao estado inorgânico, anterior à vida.

O aparelho mental humano (estrutura psíquica) é dividido em: ID, EGO e o SUPEREGO. O ID corresponde àquilo que é mais primário no ser humano; domínio do inconsciente, das pulsões, das gratificações. EGO é o mediador entre o ID e o mundo exterior; a percepção da diferença entre o EU e o mundo. Por fim, o SUPEREGO é a interiorização da repressão inicialmente personificada na figura paterna. É responsável pela renúncia de alguns desejos.

Cabe- nos, então, mostrar como Freud faz a “passagem” do Pai ao Superego (assumida de um ponto de vista simbólico). No princípio das civilizações, o comando era exercido por um Pai Primordial. Este detinha o monopólio das mulheres do grupo e impunha o trabalho aos filhos. Os filhos nutriam um sentimento ambivalente pelo pai: ora afeto, já que a sua presença promovia unidade e segurança ao grupo, ora revolta, pela imposição das restrições. Aqueles que ameaçassem a soberania despótica eram excluídos. Em dada passagem, os filhos exilados se rebelam, assassinam o pai e o devoram. O poder, então, é assumido pelo clã de irmãos. Entretanto, o pai é divinizado e interioriza-se o tabu. Surge o sentimento de culpa. Eis o superego; eis a repressão.

Marcuse parte da repressão freudiana para fazer o apontamento de seu conceito de mais-repressão da sociedade contemporânea. Como o próprio nome indica, mais-repressão é a repressão adicional, que excede o necessário à civilização e é ensejada pela dominação de alguns homens sobre outros. Nas sociedades primitivas era preciso a repressão devido à carência tecnológica. Como observa Freud, se não houvesse repressão, a vida não seria possível, já que os homens, entregues ao princípio de prazer, matariam uns aos outros. Mas o que Freud não observou, segundo Marcuse, é a repressão social (mais-repressão). Na sociedade contemporânea capitalista, na qual a abundância tecnológica dispensa a repressão originária, emerge a mais- repressão, fundada no trabalho alienado. A dominação não é mais do pai primordial, mas sim impessoal e objetiva concretizada no Principio de Desempenho (que passa a ser o Princípio de Realidade). Os homens são concebidos por suas funções econômicas. As posições sociais são definidas pelo desempenho. As preocupações contemporâneas (como por exemplo, reconhecimento social) nada têm a ver com o Ser do homem.

O controle, a repressão, desloca-se do campo instintual para o controle da consciência e é de tal força que o indivíduo e o todo são a mesma coisa. O superego é automatizado com a substituição das relações clássicas com os pais pelas agências extra-familiares de socialização, como os meios de comunicação de massa. Substitui-se o patrão pela dominação impessoal. Mesmo quem “manda”, obedece às regras do sistema.

Controle há também sobre o tempo liberado (não existe tempo livre) com a imposição do Principio de Desempenho mesmo nos momentos de lazer. Não há a possibilidade de o individuo entregar-se a si próprio ou retirar-se para um mundo diferente. O repertório de escolhas é superficial, restrito a opções de consumo. A liberação da sexualidade (visto como avanço por alguns) é somente aparente, circunscrita ao universo do consumo. À velhice cabe a mesma análise: é “redescoberta” em suas possibilidades mercadológicas.
Enfim, a civilização contemporânea é a consumação plena do trabalho alienado e da negação humana. Tudo é mercadoria, inclusive o homem e suas relações.

Diante de um quadro tão desolador, como fica a pergunta que norteia a obra de Marcuse? E então, é possível uma sociedade não-repressiva?

Ele diz que sim.

Recapitulando: para Freud, a ausência de repressão é uma impossibilidade para a vida social, pois implicaria na desorganização da produção econômica e na renúncia à cultura, já que os homens viveriam numa busca desenfreada pelo prazer, destruindo uns aos outros.

Marcuse, no entanto, observa que a repressão instintiva é exógena, ou seja, é exterior ao homem. Assim, modificados os moldes (a realidade empírica), é possível suprimir a repressão.

Mas, como mudar tais moldes?

Reconciliando o Princípio de Prazer com o Principio de Realidade, na erotização das relações sociais, morais e na erotização da razão. A tecnologia avançada propicia a redução do tempo destinado ao trabalho. Obviamente, haveria uma queda nas opções (não se poderia escolher entre 40 modelos de carros, por exemplo). Mas a ampliação das gratificações psíquicas seria inestimável. Instinto sensual transformado em Eros de uma civilização não repressiva.

E quanto ao instinto de morte?
Seria neutralizado visto que se origina de uma vida desagradável. Com a preponderância do Princípio de Prazer ao Princípio de Realidade, a pulsão de morte seria suprimida.

“Eros e Civilização” data de 1955. O próprio Marcuse, em obras posteriores, não se mostra tão otimista. Se vivesse no século XXI, creio que sequer escreveria.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

E por falar em moscas...








Olhem só o e-mail que eu recebi da Gláucia Gamboni:

IDEIAS PARA QUEM NÃO TEM NADA O QUE FAZER

1º Mate umas moscas, mas com cuidado.
2º Deixe ao sol por 1 hora até secar.
3º Recolha as moscas, pegue lápis e papel...
Deixe a imaginação fluir.


Daí eu pergunto: cruedade ou criatividade?

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Moscas podem virar mídia?


Podem, claro. Aliás tudo hoje pode virar mídia, né?
Vi esse post no http://comunicadores.info/. Acessa aí.
Tem um vídeo bem bacana mostrando as moscas voando com tags e interagindo com o público durante a Feira do Livro de Frankfurt.
Criação da agência Jung von Matt/Neckar.

Isso te assusta?

Certa feita, me perguntaram: Qual o seu maior medo?
Na hora não respondi.
Pensei... Pensei e conclui: meu maior medo é, no fim, olhar para trás e ver que levei uma vida medíocre. É morrer sem ter feito nada de extraordinário.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Vertigem

Começou esta semana em São Paulo, no Museu de Arte Brasileira da FAAP, a exposição “Vertigem”, dos irmãos Gustavo e Otávio Pandolfo, OSGEMEOS.

A mostra reúne obras que traduzem o cotidiano brasileiro, da periferia urbana ao folclore nordestino, em imagens surrealistas que remontam uma atmosfera de sonho, por meio de cores alegres e personagens melancólicos. As instalações oníricas incorporam carros, barcos e bonecos cinéticos gigantes à pintura de parede em grande escala.

Confira abaixo um pouco da exposição que também passou por Curitiba.


É a arte interagindo “literalmente” com as pessoas.

A exposição vai até o dia 13/12 e a entrada é gratuita.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Obrigado por fumar

Está um bafafá no Congresso Nacional. Estão querendo regulamentar a profissão de lobbista. Hoje, eles levam deputados e senadores para almoçar, jantar, viajar e nada fica registrado. Atravessam a rua e oferecem os mesmos benefícios para ministros e assessores. Assim nascem as leis.

O ministro Tarso Genro afirmou: “O lobby existe sobre o Estado em todas as suas esferas. Não há dúvida de que existem grupos de influência, legítima ou corruptora. O objetivo da regulamentação do lobby é evitar que a proteção de interesses gere um trato desigual”.

Para quem quer saber um pouco mais sobre essa santa profissão, recomendo o filme "Obrigado por fumar".



Nele, Nick Naylor é o principal porta-voz das grandes empresas de cigarros, ganhando a vida defendendo os direitos dos fumantes nos Estados Unidos. Desafiado pelos vigilantes da saúde e também por um senador oportunista, que deseja colocar rótulos de veneno nos maços de cigarros, Nick passa a manipular informações de forma a diminuir os riscos do cigarro em programas de TV. Além disto Nick conta com a ajuda de Jeff Megall, um poderoso agente de Hollywood, para fazer com que o cigarro seja promovido nos filmes. O que ele não esperava era ser "seduzido" por uma repórter e...

Com muita ironia o filme faz, ao mesmo tempo, um raio-x das entranhas da Indústria Tabagista e da Sociedade como um todo.

Twittada

Hoje é aniversário do Presidente Lula, mas quem ganha o presente é você, eleitor!

Prestes a encerrar mais um mandato, nosso saudoso companheiro sopra as velinhas enquanto o Brasil, da marolinha, vai de "vento em popa".

Copa do mundo e Olimpíadas garantidas por aqui; Redução do IPI praticamente garantida até o final do ano; Descoberta de petróleo tão tão profundo; Compra de caças super modernos quase concluída. (teria mais algo que esqueci?)

Isso é o que o governo pode dizer de "positivo". E de negativo?

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Inteligência decadente?

Alguns pensadores (inclusive contemporâneos) defendem a hipótese de que a expressividade da existência humana teve seu ápice na Grécia antiga, especificamente na Grécia pré-clássica. Expressividade entenda-se manifestação artística e intelectual.
De lá para cá, a humanidade vem descendo a ladeira.

Faz sentido. Se pensarmos que na Grécia Arcaica os versos homéricos eram cantados a todos, eram cultura popular e hoje só são lidos por catedráticos, dentro das universidadades.

Eles escutavam as histórias de Aquiles e Ulisses. Nós, assistimos novela e ouvimos pagode.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Publicitários, sigam o exemplo do senhor Carlos!

- Central de defesa do consumir, em que posso ajudá-lo?
- Meu nome é Carlos Alberto Solano de Almeida. Direto ao ponto, senhora: vou meter um processo na Rede Globo.
- Por que senhor, Carlos?
- A moça veio aqui... Ficou mais de uma hora me mostrando gráficos e mais gráficos...
- E então?
- Me convenceu! Eu investi uma bala. Mas paguei pela audiência do programa e eles me colocaram no intervalo!

Lemos?

Ainda na carona da "filosofia de segunda"

No século XIX Nietzsche afirmara:
"No mundo moderno, os leitores não ruminam o texto"

No século XXI eu pergunto:
Temos leitores?

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Sensacional!

Vale a pena conferir esse filme da Coast Yamaha, que está sendo veiculado na Austrália e Nova Zelândia.


A criaçao é da Clemenger BBDO Adelaide.

Clap, clap, clap.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Filosofia de segunda

Informação X Conhecimento

Há algum tempo o jornal “O Estado de São Paulo” anda veiculando um comercial (ver aqui) no qual o argumento de venda é a distinção entre conhecimento e informação. A diferenciação, em si, é pertinente. No entanto, cabe um aprofundamento na questão. Para isso, recorro a um pensador do século XVII, John Locke .

A teoria do conhecimento de Locke, exposta na obra “Ensaio sobre o Entendimento Humano” é empirista, ou seja, para ele todo conhecimento é, fundamentalmente, derivado da experiência sensível. O objetivo inicial da obra é, na verdade, político: expurgar o poder absolutista vigente na Inglaterra. O absolutismo era alicerçado no inatismo (que defendia que algumas idéias nasciam com os homens, gravadas na mente). Os soberanos, então, governavam por uma “concessão divina”; eram legítimos herdeiros daquele que criou o universo. “A mente humana é uma folha em branco, preenchida ao longo do tempo com a experiência”, afirmava Locke. Nessa perspectiva, todos nascem iguais. Demonstrado que o conhecimento deriva da experiência, o absolutismo alicerçado no inatismo cai por terra.

Entrando na questão do conhecimento propriamente dito: refutado o inatismo no início da obra, Locke vai mostrar como se dá o aprendizado, ou seja, como ocorre a passagem das impressões particulares para as idéias gerais e abstratas. São 5 passos:
1- Os sentidos recolhem o material que vai formar idéias particulares.
2- O entendimento vai se familiarizando com as impressões particulares decorrentes dos sentidos.
3- As idéias familiarizadas são alojadas na memória.
4- Para recuperar as idéias na memória, rotulam-se as mesmas, ou seja, emprega-se um nome aos conceitos (daí a importância da linguagem. Ela é o meio pelo qual as idéias exteriorizam-se).
5- Abstrai-se e criam-se nomes gerais, universais, que todos (ou quase todos) são capazes de entender.

A definição lockiana de conhecimento é: “percepção do acordo e conexão ou desacordo e oposição entre as minhas idéias”. O conhecimento é interno ao sujeito. É a capacidade de relacionar ou constatar o desacordo entre idéias. A informação (este não é um termo contemporâneo de Locke) é exterior. Pode virar ou não conhecimento.

Que benção! Se a informação pode virar conhecimento e vivemos na era da Sociedade da Informação, a possibilidade de conhecimento é grande, né? Não é bem assim. Recorramos novamente ao “Ensaio sobre o Entendimento Humano”. Locke nos fala de 3 graus de conhecimento:
Primeiro, o intuitivo que consiste na comparação imediata entre duas idéias, sem, portanto, necessidade de mediação. Mas não é sempre que conseguimos comparar sem mediação. Então surge o conhecimento demonstrativo, racional, que consiste na intermediação entre duas idéias para que haja a ligação. A matemática é um exemplo. Por fim, temos o sensitivo, que é a percepção das coisas particulares, limitado pelos próprios órgãos sensoriais. Este, só é válido para aquele momento. “Não é possível fazer-se ciência nesse grau de conhecimento”, diz Locke.
A informação está nesse grau.

A Sociedade da Informação não é, necessariamente, benéfica. Ao contrário, pode ser um obstáculo ao conhecimento. Conhecimento é um processo interno. É a possibilidade de aplicar o aprendido a outras situações, generalizar.
Conhecimento é “digestão”. Mas, hoje em dia, mal comemos uma informação, já temos outra sobre a mesa. Vorazes, devoramos. Engordamos, mas não estamos nutridos.

Repassar informação! Eis o que a maioria das escolas faz. Pressionadas pela necessidade de aprovação no vestibular, enxergam os alunos como “sacos” de depósito de conteúdo. Não ensinam a pensar, a fazer as conexões (como Locke aponta ainda em 1690).

Dicionários contemporâneos colocam conhecimento e informação como sinônimos. E, algumas pessoas tomam um pelo outro. “Menina, você não viu isso hoje no jornal?”, perguntam indignadas. Viram papagaios. Reproduzem o que ouvem ou lêem.

Voltando ao Estadão. O comercial é todo pautado pela oposição entre conhecimento e informação. Vejamos algumas colocações:
“Se hoje informação é de graça, qual o valor do conhecimento?”
Visão estritamente mercantil. Conhecimento, aqui, é mercadoria. O valor cognitivo seria aumentado pela gratuidade da informação. Que beleza!
“Conhecimento é difícil de achar.” Eis uma definição brilhante! O conhecimento não é “achável”. Como vimos, é um processo interno do sujeito.

Jornal, seja ele qual for, não traz em si o conhecimento. Mas se, por ventura, um trouxesse, todos trariam. Ilustro com manchetes desse domingo (18/09/09):
Estadão on line: “PM busca traficantes e corpos em quatro morros da zona norte do Rio
Folha on line: “Mais inocentes podem ter morrido no Rio, diz PM

Para usar como argumento de venda a distinção entre conhecimento e informação, ou a agência de publicidade do Estadão sabia que o jornal não fornece conhecimento e foi imoral, ou (o que é mais provável) só tinha informação e não conhecimento sobre o conhecimento.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Putz! Como não pensei nisso antes?

Juliana Uchôa e Bruno Oppido, da F Nazca, criaram um anúncio um tanto quanto inusitado, para lançar a nova linha de lavadoras da Electrolux.



Clap, clap, clap.

Vale a pena o clique

Através de indicações, conheci um trabalho muito bacana produzido pela Death Master Produções, para o clipe "Now I'm Brokem", da banda Lifetimes.
A direção é de Dherelynn Roth.


Produção independente.
Ribeirão Preto na cena.

Ajude o clipe a ser veiculado na MTV. Clique aqui e vote.

A magia do futebol

Como explicar toda a emoção de um País, que atravessa uma grave crise política, pelo simples fato de seu selecionado nacional se classificar para a copa do mundo de futebol?

terça-feira, 13 de outubro de 2009

A viagem

Essas quatro horas e meia vão custar mais a passar do que jogo de tênis da segunda divisão, pensei ao dar partida no carro. E o pior nem era isso. O pior era chegar. Confraternização de família é tudo igual. O padeiro da esquina é mais íntimo do que metade dos que estão na festa. É tia trocando nome de sobrinho. É prima que engravida antes do tempo. É a rodinha de cá falando mal da de lá e a de lá fofocando sobre a de cá. O inferno “terrestrizado”.
Mas eu dirigia com cara de satisfeito. Afinal, era a primeira vez que saíamos “em família”. Ao meu lado, Marcela corrigia as provas de seus alunos do período da manhã. Buraco na pista e zero virava nove. Um calor dos infernos, mas ela teimava em manter o vidro fechado. “Senão estraga o penteado, amor”. O pai dela, Seu Agemiro, farda impecável como sempre, apontava as coordenadas com um olho na pista, outro no mapa de ponta cabeça. “Em frente, meu rapaz” repetia de minuto em minuto, como se brotasse uma bifurcação a cada quilômetro. Atrás de mim e ao lado do comandante a sogrona, dona Geni. Sogrona sem eufemismo. A velha devia pesar para lá de cem.
“Volta, volta. Isso. Deixa nessa estação, Rodrigo.”
“Quando te vê...”
“ E os meus olhos ficam sorrindo...”
“ E pelas ruas vão te sentindo.”
“Seguindo, papai. E pelas ruas vão te seguindo.”
“Cuida da sua vida, Marcela.”
O que fiz para merecer isso? O ponteiro maior do relógio não tinha sequer completado a primeira volta!
Aturdido, não percebi a fila de carros no pedágio. Tive que frear bruscamente. Algo tocou o meu calcanhar. Ao olhar para baixo, subiu um gelo pela espinha. Maldito Lúcio. Eu não queria ter saído ontem, mas ele insistiu. “Deixa de frescura, Rodrigo. A gente fica só um pouquinho. A Marcela nem vai desconfiar. Amanhã você só viaja à tarde!” A sandália vermelha atrás do meu pé era a prova cabal. Estava encrencado, enrolado, enrascado e todos os “ados” e “idos” aplicáveis. E se ainda tivesse aprontado! Mas não. Vou pagar por um crime que não cometi. Dizia mamãe sabiamente: “Papagaio come milho e periquito leva a fama”. Eu tentei tirar o corpo na hora de ir embora da boate, mas o Lúcio insistiu. De novo. “É só uma caroninha. Nada mais do que seis quarteirões, meu irmão! Vai deixar a moça a pé a essa hora da madrugada? Deixei os dois na casa dela. Ela. Uma pessoa que nem o nome eu sabia ia me ferrar bonito!
Voltei a mim com a Marcela me estendendo um lenço de papel.
“ Nossa, amor! Que suadeira é essa?"
“Fico nervoso quando pego estrada. Não esquenta.”
Difícil não esquentar. Meu rosto fervia. A imensa subida se aproximava e eu em quinta marcha. Nem por decreto eu tiraria o pé de cima daquela sandália.
“O carro precisa de mais força, meu rapaz”
“Está acelerado, seu Agemiro. Dá para subir. Gasolina ultimamente está custando os olhos da cara”
Antes passar por mão de vaca do que por galinha.O meu arsenal de caras complacentes estava se esgotando quando, por milagre, um acidente na pista. Trânsito lento. Era a minha chance. Atenção dos velhotes e da Marcela voltada para o fato. Abri a porta e soltei discretamente a sandália pelo vão.
Aumentei o rádio. Comecei a cantar.
“Animadinho, hein”
“É o jeito, minha linda.”
Foram dez minutos de alívio. Só podia ser provação! Bati o olho no retrovisor e um dos faróis do carro de trás piscou. E de novo. E de novo. De tão velho, o outro não devia funcionar. E não é que a passageira está sacudindo feito louca a maldita sandália vermelha! Emendei uma terceira ,uma quarta, depois a quinta.
“Que pressa é essa, rapaz?”
Nem me dei ao trabalho de responder. Meia hora de percurso em quinze minutos de relógio e lá estávamos em frente ao salão. Nem sinal do tal carro.
Estacionei. Todos saíram, exceto dona Geni.
“Vamos mamãe”
“Peralá, Marcela, resmungou cabisbaixa a velha. Tirei minha sandália no meio da viagem e não estou encontrando!"

Para ler outros textos meus ou espiar meus quadros, clique aqui.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

A máquina de fazer propaganda

Essa máquina de fazer propaganda vem com tudo programado e automatizado para agradar o cliente.
Pra que contratar uma agência de publicidade se você pode fazer tudo com a incrível Ad-O-Matic?
Se pudéssemos classificar essa animação seria, digamos, uma tragicomédia (principalmente para os publicitários), por que, se pararmos para pensar, essas máquinas existem: somos nós.


Via Brainstorm9

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Assustador?

Ontem assisti um comercial diferente de lanche (pra não dizer esquisito).
Confiram abaixo.


Opiniões?

O X da questão

Profissionalmente, o que é mais importante para você:
Ter prazer e ganhar dinheiro ou ganhar dinheiro e ter prazer?

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Por mais ciência na propaganda


Será que botar mais ciência na propaganda é maléfico? Será que vamos perder a poesia?

Será que a comunicação será ainda mais bunda mole? Previsível? Formatada? Sem graça?

Onde ficaria a emoção nesse caso? Seria o fim da criatividade? A morte do inesperado? Vejamos.

O filósofo brasileiro Olavo de Carvalho (http://www.olavodecarvalho.org/) diz que “ . . . o ser humano só tem três linguagens para dar forma ao que apreende da realidade:

o mito, que expressa compactamente impressões de conjunto;

a ciência experimental, que descreve e explica grupos particulares de fenômenos segundo um protocolo convencional de métodos e aferições;

e a filosofia, que faz a transição entre as duas anteriores.”

Será então a filosofia a solução para todos os nossos problemas? Vou pensar mais a respeito.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Com essa foto dá pra vender o quê?


Quais associações essa imagem inspira? O que é possível vender com ela? Mande sua sugestão. Semana que vem, postamos o anúncio original.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Com essa foto a Bleublancrouge, Montreal, Canadá vendeu...


Salão de Beleza Kaaz. Change your style.
Agora as duas melhores ideias, na nossa opinião, foram:

"A noiva de Frankstein"!
Em uma versão que você nunca viu!! Aguarde
Criação da Fernanda Rosa. Parabéns, Fernanda!

Não precisa trocar de corpo para ficar em forma.
Clínica de reeducação alimentar - Bem Estar.
Criação do alexfotografo. Valeu, Alex!

Twittada

O Rio de Janeiro acaba de ser escolhido para sediar as olímpiadas de 2016.



É pra comemorar ou pra chorar?

Cuidado, comunicador!

Relendo o post do Raul sobre a ciência na propaganda, lembrei-me do comercial da Smirnoff que começa com a frase "imagine algo que nunca ninguém imaginou".

Propaganda não é ciência, mas temos que tomar muito cuidado com o que colocamos na casa das pessoas ou nas ruas.
Senão corremos o risco de comunicar besteiras monumentais, como por exemplo atribuir ao nosso consumidor uma certa mediunidade.

Twittada

Ontem rolou o Video Music Brasil, em SP. 2 entre todos os prêmios tiveram destaque. Negativo.

Artista do ano: Fresno.

Melhor banda de rock: Forfun.

Fazendo uma conta rápida: se é o público que elege o vencedor e o público da MTV é jovem, logo os jovens, os intitulados "responsáveis" por um mundo melhor, merecem entretudo o governo atual.

O nome do evento deveria mudar para Video Music Besteirol.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Os fimes que não fiz

Do diretor Gilberto Scarpa, o curta metragem, ganhador de vários prêmios no Brasil e no exterior, mostra de forma divertida a filmografia de um realizador completamente desconhecido que tem muitos projetos e roteiros, mas não tem nenhum filme produzido.

Há depoimentos de produtores, diretores, atores sobre a filmografia deste diretor sem filmes e sobre o quanto teria sido importante (ou não) para suas carreiras a participação em alguns daqueles projetos.
“O Zélvis não Morreu, por exemplo, eu ainda não fiz porque não cheguei em um acordo com o Abud, a pessoa que trabalhou comigo no roteiro”.

Abaixo o trailler promocional. Em seguida um dos cinco"filmes" não feitos, intitulado A Farsante.



A propaganda tinha que ser mais científica

Tenho pensado muito a respeito. Por não ter a ciência para a apoiá-la (principalmente no quesito 'criação publicitária'), a propaganda fica a mercê dos achismos, dos gostos pessoais do cliente, de opiniões esdrúxulas.

- Olha, eu acho isso.
- Eu enxergo de outro jeito.
- Essa é a minha opinião! E pronto!!

Afe!

Por conta do lado artístico e imprevisível da propaganda, os publicitários acabam desrespeitados, fragilizados.

A todo o momento, ouvimos de clientes:

- Quem garante que esse slogan vai dar resultado?
- Esse título é melhor mesmo?
- Como dá pra ter certeza de que essa foto é a mais adequada para trazer o cliente para a minha loja?

Certeza?? Faltam argumentos concretos. Faltam dados. Falta ciência.

Certeza absoluta ninguém tem de nada, meu caro. Sabia não? Tem um trecho do livro O MUNDO ASSOMBRADO PELOS DEMÔNIOS, de Carl Sagan, que considero perfeito para ilustrar tal preceito:

Estaremos sempre atolados no erro. O máximo que cada geração pode esperar é reduzir um pouco as margens dele e ampliar o corpo de dados a que elas se aplicam. A margem de erro é uma auto-avaliação visível e disseminada da confiabilidade de nosso conhecimento. Vêem-se frequentemente margens de erro nas pesquisas de opinião pública (“uma incerteza de mais ou menos 3%”, por exemplo). Imaginem uma sociedade em cada discurso nas Atas do Congresso, cada comercial de televisão, cada sermão tivesse uma margem de erro anexa ou equivalente.

Bem, depois desse texto, não tenho mais nada a declarar. Apenas desejar: ciência, ciência.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Campanha Dia das Crianças. Qual é a melhor: C&A ou Riachuelo?

O estilo retrô da C&A?


Ou a irreverência da Maísa?

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Filosofia de segunda

Marx: prisma para enxergar as contradições da nossa era

Contemporaneamente ainda usa-se com freqüência as palavras “socialismo” e “comunismo”. Muitas pessoas e, principalmente, partidos políticos denominam-se como tais. Mas, se muitos destes sequer distinguem conceitualmente esses termos, o que dirá de aplicá-los de fato.

O texto que se segue sequer pode ser considerado uma introdução. Seria pretensão e até presunção tratar de um sistema filosófico tão complexo como o marxismo nestas poucas linhas. Meu intuito aqui é, quando muito, acender no leitor a faísca da filosofia marxista para posteriores pesquisas e estudos.

Antes de tratar da filosofia de Marx, vale uma breve contextualização histórica: o século XIX é marcado por contradições. De um lado, o crescimento do movimento operário e a difusão das propostas políticas anticapitalistas (socialistas e anarquistas). Do outro, homens que se orgulhavam de seu tempo: a prosperidade, o avanço (tecnológico e cientifico) e a “vitória” da razão sobre e superstição Medieval ensejada pelo Iluminismo, fomentaram esse sentimento da onipotência humana. Tanto é assim que o final do século XIX foi, por muitos, denominado “belle epoche”.

Marx (1818-1883) e Engels (1820-1895) desenvolveram sua vasta obra intelectual nesse contexto. Mais do refletir os problemas da modernidade, o marxismo intentava articular teoria e prática. Dizia Marx “os filósofos preocupam-se muito em compreender o mundo. É preciso transformá-lo.”

Para entendermos o marxismo temos que adentrar um pouco na filosofia de Hegel (1770-1831), cujo pensamento influenciou Marx, principalmente o conceito de dialética. Grosso modo, Hegel ambicionava uma filosofia absoluta. Concebia total identidade entre pensamento e realidade. O devir (vir-a-ser) seria o percurso da Razão; o que existe é a Razão. O movimento dialético (tese – antítese – síntese) do devir consiste na superação da etapa anterior pelas etapas mais avançadas. A própria história da humanidade é a dialética racional, um movimento de autoconstituição da Razão . Nessa perspectiva, os Estados Contemporâneos (do século XIX) seriam a realização da Razão Objetiva.

Marx inspira-se na dialética de Hegel, mas muda-a consideravelmente.
Para Hegel, a consciência determina o ser social do homem. Para Marx é o contrário. Ele rejeita uma definição metafísica do homem e afirma a natureza humana constituindo-se na própria historicidade, nas relações dos seres humanos entre si e com a natureza. Marx critica a dialética de Hegel por tomar como ponto de partida a Ideia. A história da humanidade é reduzida à realização da Razão. Na dialética de Marx, o homem é o ponto de partida. Mais precisamente o homem em seu enfrentamento com a natureza pela sua sobrevivência. O homem define-se através de sua ação sobre a natureza; através do trabalho (eis um conceito caro!).
Para muitos filósofos, o que diferencia o homem dos demais seres vivos é a racionalidade. Para Marx, o trabalho é o fundamento do homem. É este que destaca o homem dos demais seres. O trabalho é a humanização da natureza.
Poderia se levantar uma objeção: mas animais como as abelhas, por exemplo, não trabalham? Marx diz que não. O trabalho humano singulariza-se pelo uso de instrumentos confeccionados pelo próprio homem e, principalmente, pela consciência do ato.

O pensador concebe uma situação original da humanidade (comunismo primitivo), na qual os seres humanos, livremente associados em comunidades, se apossam coletivamente dos meios de produção necessários à sobrevivência e, expostos à superioridade da natureza, elaboram o modo de produção comunitário. Com o desenvolvimento das forças produtivas, da divisão do trabalho e, principalmente, com o surgimento da propriedade privada, o trabalho aliena-se (estranha-se). A alienação consiste na perda de identidade entre o trabalhador e o produto de seu trabalho; na separação entre concepção e execução do trabalho. Eis a mortificação da essência do trabalhador; a negação da sua humanidade.
Pela alienação do trabalho, vem também a alienação moral, artística, cultural e política.
A sociedade é dividida em classes sociais (proprietários e não proprietários dos meios de produção). O homem estranha-se em relação a si mesmo e em relação ao outro ser humano.

A classe social dominante detém o controle dos meios de produção material e, por conseguinte, também controla a circulação de idéias e as decisões políticas. A explicação do mundo é feita a partir do ponto de vista dessa classe, que tende a apresentar como universais suas idéias. Mais um conceito caro: ideologia. Ao contrário do senso comum, que define ideologia como conjunto de idéias, Marx a ressignifica. Em seu sistema, ideologia é uma falsa consciência da realidade, ou seja, uma representação idealizada do real.

O Estado é concebido como um instrumento de domínio. A Instituição política realiza a vontade da classe dominante, mas não necessariamente como uma trama ou conspiração. Um exemplo claro podemos resgatar na Idade Média: a visão teocêntrica era a Realidade, a lente através da qual todos enxergavam o mundo. A divisão social era tripartite, como o corpo de Cristo e a Santíssima Trindade. O clero era responsável pela oração, a nobreza pela proteção bélica e os camponeses pelo sustento material. Essa foi a visão de mundo por muitos séculos, compartilhada inclusive pelos camponeses.

O movimento dialético na luta de classes assim se configura: a classe dominante sendo a tese e a classe dominada sendo a antítese. A síntese é a transformação revolucionária, ou seja, a passagem de um modo de produção a outro. Novamente um exemplo da Idade Média, mais precisamente a passagem do feudalismo ao capitalismo: no modo de produção feudal, há o domínio de uma classe de proprietários (nobreza e clero) sobre os camponeses em condição de servidão. A ideologia predominante é a católica e o poder político é exercido localmente pelos senhores dos feudos. Com a elevação da força produtiva (revolução agrícola, renascimento comercial e urbano) surge a burguesia (habitantes dos burgos) e as relações mercantis. Desenvolve-se a consciência de classe burguesa e esta mobiliza a plebe para o enfrentamento da nobreza e do clero. Dá-se a Revolução Francesa e a Revolução Industrial e, com isso, o feudalismo é superado pelo capitalismo.

Marx vê no capitalismo o ápice da alienação, pois a separação entre os trabalhadores e os meios de produção é gritante; o ser humano é reduzido a um animal de trabalho; a coisificação das relações sociais torna-se latente. Nesse contexto, tende-se a um descompasso entre as relações sociais e os aspectos políticos da sociedade. O conflito de classes começa a adquirir contornos mais explícitos e suscita a Revolução Proletária, a superação do capitalismo e a emancipação da humanidade.

O modo de produção socialista (que se baseia na propriedade estatal dos meios de produção e na ditadura do proletariado) prepara o terreno para o desfecho da dialética da humanidade, ou melhor, a síntese do processo: o comunismo. Suprime-se a divisão social em classes e supera-se a existência alienada. Estabelece-se a consciência autêntica da realidade, das relações sociais, culturais e políticas. Desaparece o Estado.

Marx deixou um grande legado. E, entre os herdeiros de sua teoria, as interpretações são, por vezes, divergentes. Há, de um lado, os ortodoxos que preservam as teses centrais. Já os heterodoxos inspiram-se em alguns conceitos do materialismo dialético, ressignificando- os em novas perspectivas. No século XX, tivemos algumas tentativas de implementação do sistema socialista. Lênin, em 1917, liderou a revolução Russa que culminou no socialismo real (que perdurou até o final da URSS em 1991). Mas este, nem de longe cumpriu os preceitos da teoria marxista. Daí, podemos extrair algumas hipóteses: ou o marxismo é inaplicável na prática, ou sua teoria foi distorcida, ou as duas coisas.

Fato é que Razão enfraqueceu-se. A desigualdade preponderou durante o século XX. As duas guerras mundiais soterraram os preceitos do Iluminismo. A questão “Por que não se cumpriu a expectativa iluminista de emancipação da humanidade?” ainda atormenta alguns teóricos. De qualquer maneira, é de se apreciar a beleza do sistema filosófico de Karl Marx (sob o ponto de vista estético), bem como sua pertinência, coesão e coerência.

sábado, 26 de setembro de 2009

Preparem os lenços

Acordei com essa crônica do Fernando Sabino martelando minha cabeça. Compartilho-a com vocês.

A última crônica

"A caminho de casa, entro num botequim da Gávea para tomar um café junto ao balcão. Na realidade estou adiando o momento de escrever. A perspectiva me assusta. Gostaria de estar inspirado, de coroar com êxito mais um ano nesta busca do pitoresco ou do irrisório no cotidiano de cada um. Eu pretendia apenas recolher da vida diária algo de seu disperso conteúdo humano, fruto da convivência, que a faz mais digna de ser vivida. Visava ao circunstancial, ao episódico. Nesta perseguição do acidental, quer num flagrante de esquina, quer nas palavras de uma criança ou num acidente doméstico, torno-me simples espectador e perco a noção do essencial. Sem mais nada para contar, curvo a cabeça e tomo meu café, enquanto o verso do poeta se repete na lembrança: "assim eu quereria o meu último poema". Não sou poeta e estou sem assunto. Lanço então um último olhar fora de mim, onde vivem os assuntos que merecem uma crônica.

Ao fundo do botequim um casal de pretos acaba de sentar-se, numa das últimas mesas de mármore ao longo da parede de espelhos. A compostura da humildade, na contenção de gestos e palavras, deixa-se acrescentar pela presença de uma negrinha de seus três anos, laço na cabeça, toda arrumadinha no vestido pobre, que se instalou também à mesa: mal ousa balançar as perninhas curtas ou correr os olhos grandes de curiosidade ao redor. Três seres esquivos que compõem em torno à mesa a instituição tradicional da família, célula da sociedade. Vejo, porém, que se preparam para algo mais que matar a fome.

Passo a observá-los. O pai, depois de contar o dinheiro que discretamente retirou do bolso, aborda o garçom, inclinando-se para trás na cadeira, e aponta no balcão um pedaço de bolo sob a redoma. A mãe limita-se a ficar olhando imóvel, vagamente ansiosa, como se aguardasse a aprovação do garçom. Este ouve, concentrado, o pedido do homem e depois se afasta para atendê-lo. A mulher suspira, olhando para os lados, a reassegurar-se da naturalidade de sua presença ali. A meu lado o garçom encaminha a ordem do freguês. O homem atrás do balcão apanha a porção do bolo com a mão, larga-o no pratinho - um bolo simples, amarelo-escuro, apenas uma pequena fatia triangular. A negrinha, contida na sua expectativa, olha a garrafa de Coca-Cola e o pratinho que o garçom deixou à sua frente. Por que não começa a comer? Vejo que os três, pai, mãe e filha, obedecem em torno à mesa um discreto ritual. A mãe remexe na bolsa de plástico preto e brilhante, retira qualquer coisa. O pai se mune de uma caixa de fósforos, e espera. A filha aguarda também, atenta como um animalzinho. Ninguém mais os observa além de mim.

São três velinhas brancas, minúsculas, que a mãe espeta caprichosamente na fatia do bolo. E enquanto ela serve a Coca-Cola, o pai risca o fósforo e acende as velas. Como a um gesto ensaiado, a menininha repousa o queixo no mármore e sopra com força, apagando as chamas. Imediatamente põe-se a bater palmas, muito compenetrada, cantando num balbucio, a que os pais se juntam, discretos: "Parabéns pra você, parabéns pra você..." Depois a mãe recolhe as velas, torna a guardá-las na bolsa. A negrinha agarra finalmente o bolo com as duas mãos sôfregas e põe-se a comê-lo. A mulher está olhando para ela com ternura - ajeita-lhe a fitinha no cabelo crespo, limpa o farelo de bolo que lhe cai ao colo. O pai corre os olhos pelo botequim, satisfeito, como a se convencer intimamente do sucesso da celebração. Dá comigo de súbito, a observá-lo, nossos olhos se encontram, ele se perturba, constrangido - vacila, ameaça abaixar a cabeça, mas acaba sustentando o olhar e enfim se abre num sorriso.

Assim eu quereria minha última crônica: que fosse pura como esse sorriso."