Deus pode conhecer?
Simplificadamente, não.
Antes de expor os porquês, precisamos delimitar o termo conhecimento.
Para Platão, conhecimento é opinião (crença) verdadeira justificada. Essa definição tripartite, apesar de inúmeras refutações, ainda sustenta-se como plausível. Conhecer X significa um procedimento capaz de fornecer algumas informações verificáveis sobre X, ou seja, algo que permita descrevê-lo, calculá-lo ou prevê-lo em certos limites. Diferente da simples crença, que é o empenho na verdade de uma noção qualquer ainda que não aferível.
Conhecimento não é saber fazer. Saber fazer é saber “como” (prático). Conhecimento é saber “que” (teoria, proposicional).
Voltando a pergunta inicial: independente da definição, o conhecimento sempre se dá na relação Sujeito – Objeto.
Por sujeito, entenda-se todo ser capacitado racionalmente.
Objeto é o fim a que se tende; a coisa que se deseja; o conceito pensado. É tudo aquilo que o sujeito é capaz de conhecer.
O próprio termo objeto dá uma noção de como se dá essa relação. Derivado de objetum, tem a mesma raiz etimológica de “objeção”. Daí, o conhecimento só é possível na contraposição Sujeito – Objeto.
O conhecimento pleno, absoluto, que necessariamente seria o de Deus (por ser perfeito), elimina a contraposição S-O. Pressupõe que Ele “penetre” no objeto. Sujeito e Objeto seria uma única coisa. Mas, sem contraposição, não há conhecimento.
O mesmo viés interpretativo ainda elucida-nos que Deus, por ser perfeito (completamente feito) não suporta “falta” em seu Ser. Assim como o “desejo” (o querer), conhecimento é carência, pois só é possível conhecer o que não se conhece. Um Deus carente ou incompleto é inconcebível.
Portanto, ou Deus elimina a contraposição necessária ao conhecimento (tornando-se objeto) ou admite sua carência e permanece na relação.
segunda-feira, 7 de setembro de 2009
Filosofia de segunda
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13 comentários:
Tá confuso pra mim. Vamos ver se é isso:
Para que Deus conheça, ele precisaria estabelecer uma relação com o que ele deseja conhecer. E como esta relação não se estabelece, ele não conhece. É por aí?
Penso que tentar transformar o conceito do divino em algo personificado é o que promove esse pensamento dialético, deve ser porque a linha de pensamento está bem voltada ao pensamento ocidental. Talvez, se pensarmos em "Deus" como essência e não como um tipo de velhinho barudo vestido toga, conseguiremos seguir um caminho mais palpável.
Quem concebeu esse Deus que "conhecemos" foi o Homem, o ser passível de erros, portanto podemos pensar que o todo poderoso possa sim ser perfeito.
Se Sujeito = todo ser capacitado racionalmente e Objeto = o fim a que se tende; a coisa que se deseja; o conceito pensado, o Homem não pode conhecer a si próprio, visto que é Sujeito e não Objeto?
Falando em conhecer cade o resultado sobre concurso para contratação de um estagiário (direção de arte) na Abelha Rainha?????
1° - Não vejo esse assunto como pauta de discussão. Todos terão um ponto de vista. Isso é fato.
2° - Qual o objetivo??????
Ta confuso demais este texto... profissionais de propaganda x Deus ... estranho..
1- O fato de cada um ter um ponto de vista não impede que isso seja uma pauta de discussão. Aliás, essa é a idéia, uma pauta que gere discussão.
2- O texto do Matheus não propõe este confronto, apenas convida para uma reflexão que diz respeito a deus. Nada além.
Bacana!
Amigos,
Fico contente em fomentar a discussão.
Vamos lá.
Grande anônimo! Eis um vício da nossa sociedade contemporânea: a necessidade exacerbada de um objetivo, de uma finalidade; a própria filosofia encerra-se em si. A pergunta para que serve a filosofia já é esavaziada de siginificado. O termo servir vem de servo, ou seja, meio para um fim.
Sou profissional de propaganda sim, mas seria leviano da minha parte escrever tal texto sem o mínimo de conhecimento. Estou cursando o quarto semestre de filosofia, além de cursos e conferências extra-curriculares.
Marcelo, realmente o autoconhecimento, nesse viés, é impossível. Aliás, em Kant (pensador alemão do século XVIII que virou a filosofia de ponta cabeça)não temos possibilidade de conhecer nada em si, somente os fenômenos, ou seja, as coisas como nos aparecem; as manifestações empíricas. Como Deus não nos aparece (fenomenicamente), sequer um conhecimento aparente poderíamos ter dele. Aliás, nem o homem, nem uma árvore, nem sequer uma latinha de refrigerante seriam cognoscíveis plenamante; apenas aparentemente.
Eduardo,temos uma disciplina chamada Teoria do Conhecimento que se ocupa justamente em dar conta dos mecanismos e condições para o de conhecimento. O conhecimento contemporâneo prevê, necessariamente, um "distanciamento" para o conhecimento, ou melhor para o ato de conhecer.
Deus, por ser perfeito, não pode não conhecer algo. E para conhecer plenamente ele teria que ser sujeito e objeto. Isso é qualquer outra coisa, menos conhecimento. O mesmo raciocínio vale para o desejo. Expressões como "Se Deus quiser" ou "Deus quis assim" são vazias de significado (logicamente falando) pois só se deseja aquilo que não se tem. Não ter algo é carência. E carência (ou falta) é algo que não cabe à essência Divina.
Vale uma observação:não tenho a pretensão de esgotar os assuntos que me proponho a escrever. Aliás, seria impossível tratar de maneira satisfatória temas que exigem tamanha profundidade. A ideia é que seja uma faísca para posteriores pesquisas e estudos.Eis a valia dos textos.
Abraços.
Estudos sem significado, caso venham existir... Não é necessário provar...quem sente a presença de Deus em suas vidas, quem o vê presente em cada ato que aparece como um milagre, não precisa desses estudos sem fundos. Mas é como dizem: "A Ciência descobre Deus atrás de cada porta" Fato. Digo isso e me revolto com tal objeção proposta no texto, é porque eu nunca fui religioso..até que eu presenciasse um milagre com minha mulher. Sim milagre...sem explicações cientifícas ou algo que poderia ter acontecido. Milagre que realmente só Deus...só algo tão poderoso poderia ter feito..e desde então..descobri..que pela minha falta de fé..ele me escolheu..sim ele me conhece.
É Matheus, tá vendo só, seu cético sem alma.
Eduardo, na boa....por todos os seus comentários que já postou aqui neste blog....ou eles te pagam muito bem...o quem paga aqui é vc....Paga pau!!!!!!!
E eu vou discordar de você? Seu forte é mesmo a interpretação das coisas.
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