segunda-feira, 9 de março de 2009

Filsofia de segunda

Vaticano apóia excomunhão.

Esse título não foi extraído de um livro didático de história medieval.
Aconteceu semana passada, no Brasil, mais especificamente em Pernambuco. O arcebispo de Olinda, dom José Cardoso Sobrinho, excomungou as pessoas envolvidas num aborto: os médicos que realizaram a cirurgia e a mãe da menina, que autorizou. Se o fato se resumisse a isso, a decisão do bispo, ainda que discutível, seria justificável dentro dos preceitos católicos. Mas a menina em questão tinha nove anos de idade, estava grávida de gêmeos e corria sérios riscos de vida. E mais: os filhos que esperava eram oriundos de um estupro cometido pelo padrasto que, aliás, violentava-a desde os seis anos de idade.

O bispo, em várias oportunidades, tentou justificar-se. Numa delas, disse:
“De acordo com as leis de Deus, a Igreja condena todos os pecados. Homicídio é pecado. Roubo, assalto e estupro também são, mas não tão graves como o aborto”.

Cabe a pergunta: quem hierarquizou esses delitos?

O Código de Direito Canônico prevê desde 1983 nove casos para a pena de excomunhão:
1- Profanação das espécies sagradas;
2- Violência física contra o Papa
;
3- Absolvição por um sacerdote
do cúmplice do pecado da carne;
4- Consagração ilícita de um bispo
sem mandato pontifical;
5- Violação direta do segredo da Confissão;
6- Apostasia
;
7- Heresia
;
8- Cisma
;
9- Aborto
.

Peguemos um desses casos para analisarmos. Heresia, por definição, é uma linha de pensamento que não esteja de acordo com a Igreja. Uma doutrina contrária à Verdade revelada por Cristo. É uma falta gravíssima e, portanto, passível de excomunhão. O assassinato, por sua vez, não.
Mas convenhamos. Colocar em xeque um ensinamento da mãe Igreja é infinitamente mais grave do que matar um simples homem. Afinal, morrer, todos vamos. O assassinato é somente um adiantamento da lei natural.

A legislação brasileira autoriza o aborto em vítimas de estupro até a 20ª semana de gravidez, sem autorização judicial. Mas o bispo retruca:
“Nós, ministros da Igreja Católica, temos obrigação de proclamar a lei de Deus. Nesses casos, os fins não justificam os meios, e a lei humana contraria a lei de Deus, contra a morte”.
Ele afirma que as leis de Deus são mais importantes que as leis dos homens, mas está preso a um pedaço de papel que diz que ao aborto cabe a excomunhão, sem analisar o contexto, a situação. Por essas e por outras, a Igreja afasta-se cada vez mais do mundo contemporâneo e corrobora com a diminuição drástica do número de seus fiéis.

Apesar de não acreditar, estou prestes a concluir que dom José é a encarnação de um dos sanguinários inquisidores da Idade Média. Ou, no mínimo, aquele que coagiu Copérnico e o fez “voltar atrás” quanto à sua teoria heliocêntrica. Dom José Cardoso Sobrinho presta um desserviço a humanidade, fazendo perpetuar os dogmas da fé e o pior, obscurantismo da ignorância.

2 comentários:

Anônimo disse...

São tantos casos de pedofilia envolvendo a igreja que da até pra entender a atitude deste arcebispo.
Interpretação das Leis a moda da casa.

Anônimo disse...

10. Gol aos 47", marcado por jogador visivelmente acima do peso.