Do diretor Gilberto Scarpa, o curta metragem, ganhador de vários prêmios no Brasil e no exterior, mostra de forma divertida a filmografia de um realizador completamente desconhecido que tem muitos projetos e roteiros, mas não tem nenhum filme produzido.
Há depoimentos de produtores, diretores, atores sobre a filmografia deste diretor sem filmes e sobre o quanto teria sido importante (ou não) para suas carreiras a participação em alguns daqueles projetos.
“O Zélvis não Morreu, por exemplo, eu ainda não fiz porque não cheguei em um acordo com o Abud, a pessoa que trabalhou comigo no roteiro”.
Abaixo o trailler promocional. Em seguida um dos cinco"filmes" não feitos, intitulado A Farsante.
quarta-feira, 30 de setembro de 2009
Os fimes que não fiz
A propaganda tinha que ser mais científica
Tenho pensado muito a respeito. Por não ter a ciência para a apoiá-la (principalmente no quesito 'criação publicitária'), a propaganda fica a mercê dos achismos, dos gostos pessoais do cliente, de opiniões esdrúxulas.
- Olha, eu acho isso.
- Eu enxergo de outro jeito.
- Essa é a minha opinião! E pronto!!
Afe!
Por conta do lado artístico e imprevisível da propaganda, os publicitários acabam desrespeitados, fragilizados.
A todo o momento, ouvimos de clientes:
- Quem garante que esse slogan vai dar resultado?
- Esse título é melhor mesmo?
- Como dá pra ter certeza de que essa foto é a mais adequada para trazer o cliente para a minha loja?
Certeza?? Faltam argumentos concretos. Faltam dados. Falta ciência.
Certeza absoluta ninguém tem de nada, meu caro. Sabia não? Tem um trecho do livro O MUNDO ASSOMBRADO PELOS DEMÔNIOS, de Carl Sagan, que considero perfeito para ilustrar tal preceito:
Estaremos sempre atolados no erro. O máximo que cada geração pode esperar é reduzir um pouco as margens dele e ampliar o corpo de dados a que elas se aplicam. A margem de erro é uma auto-avaliação visível e disseminada da confiabilidade de nosso conhecimento. Vêem-se frequentemente margens de erro nas pesquisas de opinião pública (“uma incerteza de mais ou menos 3%”, por exemplo). Imaginem uma sociedade em cada discurso nas Atas do Congresso, cada comercial de televisão, cada sermão tivesse uma margem de erro anexa ou equivalente.
Bem, depois desse texto, não tenho mais nada a declarar. Apenas desejar: ciência, ciência.
terça-feira, 29 de setembro de 2009
Campanha Dia das Crianças. Qual é a melhor: C&A ou Riachuelo?
O estilo retrô da C&A?
Ou a irreverência da Maísa?
segunda-feira, 28 de setembro de 2009
Filosofia de segunda
Marx: prisma para enxergar as contradições da nossa era
Contemporaneamente ainda usa-se com freqüência as palavras “socialismo” e “comunismo”. Muitas pessoas e, principalmente, partidos políticos denominam-se como tais. Mas, se muitos destes sequer distinguem conceitualmente esses termos, o que dirá de aplicá-los de fato.
O texto que se segue sequer pode ser considerado uma introdução. Seria pretensão e até presunção tratar de um sistema filosófico tão complexo como o marxismo nestas poucas linhas. Meu intuito aqui é, quando muito, acender no leitor a faísca da filosofia marxista para posteriores pesquisas e estudos.
Antes de tratar da filosofia de Marx, vale uma breve contextualização histórica: o século XIX é marcado por contradições. De um lado, o crescimento do movimento operário e a difusão das propostas políticas anticapitalistas (socialistas e anarquistas). Do outro, homens que se orgulhavam de seu tempo: a prosperidade, o avanço (tecnológico e cientifico) e a “vitória” da razão sobre e superstição Medieval ensejada pelo Iluminismo, fomentaram esse sentimento da onipotência humana. Tanto é assim que o final do século XIX foi, por muitos, denominado “belle epoche”.
Marx (1818-1883) e Engels (1820-1895) desenvolveram sua vasta obra intelectual nesse contexto. Mais do refletir os problemas da modernidade, o marxismo intentava articular teoria e prática. Dizia Marx “os filósofos preocupam-se muito em compreender o mundo. É preciso transformá-lo.”
Para entendermos o marxismo temos que adentrar um pouco na filosofia de Hegel (1770-1831), cujo pensamento influenciou Marx, principalmente o conceito de dialética. Grosso modo, Hegel ambicionava uma filosofia absoluta. Concebia total identidade entre pensamento e realidade. O devir (vir-a-ser) seria o percurso da Razão; o que existe é a Razão. O movimento dialético (tese – antítese – síntese) do devir consiste na superação da etapa anterior pelas etapas mais avançadas. A própria história da humanidade é a dialética racional, um movimento de autoconstituição da Razão . Nessa perspectiva, os Estados Contemporâneos (do século XIX) seriam a realização da Razão Objetiva.
Marx inspira-se na dialética de Hegel, mas muda-a consideravelmente.
Para Hegel, a consciência determina o ser social do homem. Para Marx é o contrário. Ele rejeita uma definição metafísica do homem e afirma a natureza humana constituindo-se na própria historicidade, nas relações dos seres humanos entre si e com a natureza. Marx critica a dialética de Hegel por tomar como ponto de partida a Ideia. A história da humanidade é reduzida à realização da Razão. Na dialética de Marx, o homem é o ponto de partida. Mais precisamente o homem em seu enfrentamento com a natureza pela sua sobrevivência. O homem define-se através de sua ação sobre a natureza; através do trabalho (eis um conceito caro!).
Para muitos filósofos, o que diferencia o homem dos demais seres vivos é a racionalidade. Para Marx, o trabalho é o fundamento do homem. É este que destaca o homem dos demais seres. O trabalho é a humanização da natureza.
Poderia se levantar uma objeção: mas animais como as abelhas, por exemplo, não trabalham? Marx diz que não. O trabalho humano singulariza-se pelo uso de instrumentos confeccionados pelo próprio homem e, principalmente, pela consciência do ato.
O pensador concebe uma situação original da humanidade (comunismo primitivo), na qual os seres humanos, livremente associados em comunidades, se apossam coletivamente dos meios de produção necessários à sobrevivência e, expostos à superioridade da natureza, elaboram o modo de produção comunitário. Com o desenvolvimento das forças produtivas, da divisão do trabalho e, principalmente, com o surgimento da propriedade privada, o trabalho aliena-se (estranha-se). A alienação consiste na perda de identidade entre o trabalhador e o produto de seu trabalho; na separação entre concepção e execução do trabalho. Eis a mortificação da essência do trabalhador; a negação da sua humanidade.
Pela alienação do trabalho, vem também a alienação moral, artística, cultural e política.
A sociedade é dividida em classes sociais (proprietários e não proprietários dos meios de produção). O homem estranha-se em relação a si mesmo e em relação ao outro ser humano.
A classe social dominante detém o controle dos meios de produção material e, por conseguinte, também controla a circulação de idéias e as decisões políticas. A explicação do mundo é feita a partir do ponto de vista dessa classe, que tende a apresentar como universais suas idéias. Mais um conceito caro: ideologia. Ao contrário do senso comum, que define ideologia como conjunto de idéias, Marx a ressignifica. Em seu sistema, ideologia é uma falsa consciência da realidade, ou seja, uma representação idealizada do real.
O Estado é concebido como um instrumento de domínio. A Instituição política realiza a vontade da classe dominante, mas não necessariamente como uma trama ou conspiração. Um exemplo claro podemos resgatar na Idade Média: a visão teocêntrica era a Realidade, a lente através da qual todos enxergavam o mundo. A divisão social era tripartite, como o corpo de Cristo e a Santíssima Trindade. O clero era responsável pela oração, a nobreza pela proteção bélica e os camponeses pelo sustento material. Essa foi a visão de mundo por muitos séculos, compartilhada inclusive pelos camponeses.
O movimento dialético na luta de classes assim se configura: a classe dominante sendo a tese e a classe dominada sendo a antítese. A síntese é a transformação revolucionária, ou seja, a passagem de um modo de produção a outro. Novamente um exemplo da Idade Média, mais precisamente a passagem do feudalismo ao capitalismo: no modo de produção feudal, há o domínio de uma classe de proprietários (nobreza e clero) sobre os camponeses em condição de servidão. A ideologia predominante é a católica e o poder político é exercido localmente pelos senhores dos feudos. Com a elevação da força produtiva (revolução agrícola, renascimento comercial e urbano) surge a burguesia (habitantes dos burgos) e as relações mercantis. Desenvolve-se a consciência de classe burguesa e esta mobiliza a plebe para o enfrentamento da nobreza e do clero. Dá-se a Revolução Francesa e a Revolução Industrial e, com isso, o feudalismo é superado pelo capitalismo.
Marx vê no capitalismo o ápice da alienação, pois a separação entre os trabalhadores e os meios de produção é gritante; o ser humano é reduzido a um animal de trabalho; a coisificação das relações sociais torna-se latente. Nesse contexto, tende-se a um descompasso entre as relações sociais e os aspectos políticos da sociedade. O conflito de classes começa a adquirir contornos mais explícitos e suscita a Revolução Proletária, a superação do capitalismo e a emancipação da humanidade.
O modo de produção socialista (que se baseia na propriedade estatal dos meios de produção e na ditadura do proletariado) prepara o terreno para o desfecho da dialética da humanidade, ou melhor, a síntese do processo: o comunismo. Suprime-se a divisão social em classes e supera-se a existência alienada. Estabelece-se a consciência autêntica da realidade, das relações sociais, culturais e políticas. Desaparece o Estado.
Marx deixou um grande legado. E, entre os herdeiros de sua teoria, as interpretações são, por vezes, divergentes. Há, de um lado, os ortodoxos que preservam as teses centrais. Já os heterodoxos inspiram-se em alguns conceitos do materialismo dialético, ressignificando- os em novas perspectivas. No século XX, tivemos algumas tentativas de implementação do sistema socialista. Lênin, em 1917, liderou a revolução Russa que culminou no socialismo real (que perdurou até o final da URSS em 1991). Mas este, nem de longe cumpriu os preceitos da teoria marxista. Daí, podemos extrair algumas hipóteses: ou o marxismo é inaplicável na prática, ou sua teoria foi distorcida, ou as duas coisas.
Fato é que Razão enfraqueceu-se. A desigualdade preponderou durante o século XX. As duas guerras mundiais soterraram os preceitos do Iluminismo. A questão “Por que não se cumpriu a expectativa iluminista de emancipação da humanidade?” ainda atormenta alguns teóricos. De qualquer maneira, é de se apreciar a beleza do sistema filosófico de Karl Marx (sob o ponto de vista estético), bem como sua pertinência, coesão e coerência.
sábado, 26 de setembro de 2009
Preparem os lenços
Acordei com essa crônica do Fernando Sabino martelando minha cabeça. Compartilho-a com vocês.
A última crônica
"A caminho de casa, entro num botequim da Gávea para tomar um café junto ao balcão. Na realidade estou adiando o momento de escrever. A perspectiva me assusta. Gostaria de estar inspirado, de coroar com êxito mais um ano nesta busca do pitoresco ou do irrisório no cotidiano de cada um. Eu pretendia apenas recolher da vida diária algo de seu disperso conteúdo humano, fruto da convivência, que a faz mais digna de ser vivida. Visava ao circunstancial, ao episódico. Nesta perseguição do acidental, quer num flagrante de esquina, quer nas palavras de uma criança ou num acidente doméstico, torno-me simples espectador e perco a noção do essencial. Sem mais nada para contar, curvo a cabeça e tomo meu café, enquanto o verso do poeta se repete na lembrança: "assim eu quereria o meu último poema". Não sou poeta e estou sem assunto. Lanço então um último olhar fora de mim, onde vivem os assuntos que merecem uma crônica.
Ao fundo do botequim um casal de pretos acaba de sentar-se, numa das últimas mesas de mármore ao longo da parede de espelhos. A compostura da humildade, na contenção de gestos e palavras, deixa-se acrescentar pela presença de uma negrinha de seus três anos, laço na cabeça, toda arrumadinha no vestido pobre, que se instalou também à mesa: mal ousa balançar as perninhas curtas ou correr os olhos grandes de curiosidade ao redor. Três seres esquivos que compõem em torno à mesa a instituição tradicional da família, célula da sociedade. Vejo, porém, que se preparam para algo mais que matar a fome.
Passo a observá-los. O pai, depois de contar o dinheiro que discretamente retirou do bolso, aborda o garçom, inclinando-se para trás na cadeira, e aponta no balcão um pedaço de bolo sob a redoma. A mãe limita-se a ficar olhando imóvel, vagamente ansiosa, como se aguardasse a aprovação do garçom. Este ouve, concentrado, o pedido do homem e depois se afasta para atendê-lo. A mulher suspira, olhando para os lados, a reassegurar-se da naturalidade de sua presença ali. A meu lado o garçom encaminha a ordem do freguês. O homem atrás do balcão apanha a porção do bolo com a mão, larga-o no pratinho - um bolo simples, amarelo-escuro, apenas uma pequena fatia triangular. A negrinha, contida na sua expectativa, olha a garrafa de Coca-Cola e o pratinho que o garçom deixou à sua frente. Por que não começa a comer? Vejo que os três, pai, mãe e filha, obedecem em torno à mesa um discreto ritual. A mãe remexe na bolsa de plástico preto e brilhante, retira qualquer coisa. O pai se mune de uma caixa de fósforos, e espera. A filha aguarda também, atenta como um animalzinho. Ninguém mais os observa além de mim.
São três velinhas brancas, minúsculas, que a mãe espeta caprichosamente na fatia do bolo. E enquanto ela serve a Coca-Cola, o pai risca o fósforo e acende as velas. Como a um gesto ensaiado, a menininha repousa o queixo no mármore e sopra com força, apagando as chamas. Imediatamente põe-se a bater palmas, muito compenetrada, cantando num balbucio, a que os pais se juntam, discretos: "Parabéns pra você, parabéns pra você..." Depois a mãe recolhe as velas, torna a guardá-las na bolsa. A negrinha agarra finalmente o bolo com as duas mãos sôfregas e põe-se a comê-lo. A mulher está olhando para ela com ternura - ajeita-lhe a fitinha no cabelo crespo, limpa o farelo de bolo que lhe cai ao colo. O pai corre os olhos pelo botequim, satisfeito, como a se convencer intimamente do sucesso da celebração. Dá comigo de súbito, a observá-lo, nossos olhos se encontram, ele se perturba, constrangido - vacila, ameaça abaixar a cabeça, mas acaba sustentando o olhar e enfim se abre num sorriso.
Assim eu quereria minha última crônica: que fosse pura como esse sorriso."
sexta-feira, 25 de setembro de 2009
Com essa foto dá pra vender o quê?
Quais associações essa imagem inspira? O que é possível vender com ela?
Mande sua sugestão. Semana que vem, postamos o anúncio original.
Com essa foto a Saatchi & Saatchi de Sydney, Austrália...
Conceito: Mate um criança. Mate uma família.
Já as duas melhores ideias, em nossa opinião, foram:
Você sabe quantas famílias são destruídas no Brasil devido à irresponsabilidade no trânsito?
Se beber, não dirija. Brasil, um país de todos.
Criação do Rafa Fernandez. Valeu, Rafa!
Quer mais algum motivo pra atravessar na faixa de pedestre?
Organização dos Direitos dos Pedestres. Por que você tem direito de ir e vir.
Criação da bemdita comunicação. Boa, bemdita!
E a menção honrosa vai para:
Novo Citroen C4 Flex. Todo mundo vai querer dar uma voltinha. Nem que seja até o hospital.
Criação do Carlos Olivo. É humor negro, mas é criativo.
Abraços a todos. E valeu pela participação!
Bizarro
No último final de semana, circulando por Ribeirão Preto, me deparei com um anúncio "interessante".
O que será que eles estão tentando dizer, sugestões?
quinta-feira, 24 de setembro de 2009
Onde vamos parar?
Como vários outros, o atual comercial de Havaianas é sensacional.
Porém,teve gente que não gostou, o que obrigou a empresa a tirá-lo do ar e produzir um remake.
Abaixo o vídeo na íntegra.
Se tudo o que não gostássemos na tv fosse retirado do ar, haveria propaganda política?
quarta-feira, 23 de setembro de 2009
Twittada
1º) Tentaram restringir a internet.
2º) Aumentaram o número de vereadores no país.
3º) Se meteram em Honduras e agora pedem ajuda.
Estou falando dos maiores cômicos da atualidade.
Discussão inspira
Meus queridos blogueiros,
o último post: “CQC caipira”, do grande Rony, provocou uma boa e saudável discussão sobre se existem ou não comediantes femininas "genuínas" no Brasil e no mundo.
Ou se quem manda, em matéria de humor, são os homens mesmo.
Sem entrar no mérito machista (?) da questão, o que me chama a atenção nesse tipo de entrave discursivo é como podemos ter pontos de vista tão distintos sobre um mesmo assunto.
Somos todos muito diferentes. E aprendemos (quando temos humildade) com opiniões contrárias. Quem está certo? Quem está errado? Cada um que tire sua própria conclusão.
Para mim, o que vale é apreciar o debate. É notar, palavra a palavra, frase a frase, como ocorre a construção de mecanismos lógicos para refutar uma afirmação da qual uma pessoa discorda.
É enriquecedor perceber todo esse movimento argumentativo.
Discussão inspira. Mesmo quando ficamos estressados quando discutimos.
terça-feira, 22 de setembro de 2009
CQC caipira
Para os que não acompanharam o programa da Band ontem, Ribeirão Preto está muito bem representado na final do concurso que vai eleger o 8º integrante de preto.
Monica Iozzi, 27 anos, formada em artes cênicas pela Unicamp, chegou a final após eliminar o Paulão (Paulo Afonso), do banda de rock Velhas Virgens.
Segundo Monica, em entrevista para o blog do CQC: "o programa tem contribuído muito para o aumento (ou retorno) do interesse da população por acontecimentos políticos e pela vida cultural do país" por isso seu desejo em ser mais uma integrante.
Na final, na próxima segunda, Monica enfrentará Carol Zacolli, paulistana, humorista de stand'up comedy.
Parabéns Monica.
Será que agora, com uma moça apertando, o Genuíno cede ao CQC?
segunda-feira, 21 de setembro de 2009
Filosofia de segunda
Filosofia, arte e história
“As três funções segundo as quais nossa mente atua sobre os objetos do pensamento são: a memória, coleção (armazenamento) passiva dos conhecimentos. A razão, reflexão sobre os objetos das idéias e a imaginação, força criadora. Essas três faculdades formam as três divisões fundamentais dos conhecimentos humanos: a história, que se refere à memória, a filosofia, que é fruto da razão (aqui se encaixa também a ciência) e a arte, que surge da imaginação.”
Assim, o pensador D’Alembert (1717-1783) nos presenteia com uma pincelada sobre o seu ponto de vista acerca do funcionamento da nossa mente.
Eu acrescentaria (ou talvez substituiria pela memória) o termo projeção, que seria a capacidade do homem de se colocar no passado ou no futuro. No passado, através da memória, das lembranças. No futuro, pela expectativa.
Essa faculdade faria do homem um ser atemporal.
sexta-feira, 18 de setembro de 2009
Ontem fui a Campinas para participar do COLÓQUIO INTERNACIONAL NIETZSCHE. CRÍTICO DA MODERNIDADE.
Os dois caras mais fudidos de Nietzshe no mundo palestraram: Prof. Dr. Werner Stegmaier, alemão que coordena o centro de pesquisa na Alemanha e o Prof. Dr. Marco Brusotti da Universidade de Berlim. Além das palestras, ouvimos as apresentações das teses de mestrado e doutorado dos alunos da Unicamp (um deles, inclusive, é meu professor). Uns apresentaram em alemão, outros em inglês, outros ainda em italiano. E cada nabada eles tomaram dos doutores alemães!
Disso tudo, duas conclusões:
1- Tem gente que acha maravilhosa aquela palestra que entende-se tudo. Comparece, na verdade, para constatar o seu conhecimento. Isso serve, no máximo, para massagear o ego.
Palestra boa é aquela que você sai se sentindo mal, se sentindo ignorante. Por que? Porque instiga, coloca a pulga atràs da orelha. Você sai louco para estudar mais e mais (tô me sentindo mal até agora)!
2- Se os caras que apresentaram suas teses de mestrado tremeram na base diante dos alemães fudidões e esses caras são meus professores fudidões, eu sou o quê? Estou em que patamar?
É! São situações como essas que nos fazem correr atrás para enriquecer a cada dia o nosso conhecimento.
Valeu.
quarta-feira, 16 de setembro de 2009
Com essa foto dá pra vender o quê?
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terça-feira, 15 de setembro de 2009
A primeira vez que torci para um argentino
segunda-feira, 14 de setembro de 2009
Filosofia de segunda
A existência de Deus
Semana passada, ao colocar o conhecimento de Deus em xeque, recebi algumas críticas. Deixo claro que a intenção é simplesmente suscitar a reflexão. Não necessariamente eu compartilho com o que está no texto. Aliás, ser imparcial tem sido uma premissa nos escritos.
Hoje trago o outro lado da moeda: a existência de Deus e suas provas.
Em um extremo há os que descredencializam a “razão” em relação aos assuntos divinos. Raciocínio e fé seriam “departamentos” totalmente independentes. Isso fica evidente em uma passagem do filósofo francês Maupertuis (1698-1759): “O âmbito religioso nada tem a ver com o científico. A religião nada tem em comum com as outras partes do saber. Ela não se baseia nem nos princípios da matemática, nem nos da filosofia: seus ensinamentos são de uma ordem que não tem nenhum vínculo com alguma outra ordem de nossas idéias, e que constituem em nosso espírito uma ciência inteiramente à parte, da qual não se saberia dizer se está em acordo ou em contradição com as outras ciências do homem.”
Na outra ponta, os que defendem a investigação racional da religião (inclusive teólogos canonizados pela Igreja Católica, como Santo Agustinho e São Tomás de Aquino). Estes tentaram provar racionalmente a existência de Deus. O francês do período Iluminista Diderot (1713-1784) desafiou tais teses: “Se a religião que me anuncias é verdadeira, sua verdade pode ser posta em evidência e pode ser demonstrada com argumentos irrefutáveis”
Provar a existência de Deus (ou dos deuses) foi recorrente na filosofia, principalmente na medievalidade. Eis algumas das conclusões (sucintamente):
1- Inteligência ordenadora do mundo.
O mundo, com toda a sua complexidade, não poderia existir sem um Ordenador Divino.Platão, em sua obra Fílon afirma: “Se virmos uma casa construída com cuidado, teremos uma idéia do artista. Não diremos que foi feita sem um artesão. E o mesmo diremos de uma cidade, de um navio ou de um objeto qualquer. Do mesmo modo, aquele que entrou nesse mundo e viu o céu, os planetas e as estrelas...esse homem concluirá que tudo isso não foi feito sem uma arte perfeita e que o artífice desse universo foi e é Deus.”
2- Causa
Essa prova, introduzida por Aristóteles, foi retomada séculos mais tarde por Tomás de Aquino. Afirma: é impossível remontar ao infinito na série de causas. E como tudo o que acontece tem uma causa, tem que haver um princípio não causado: Deus.
3- Movimento
Similar a precedente. Foi mencionada pela primeira vez por Platão. Na filosofia Medieval foi rediscutida por Adelardo de Bath no século XI e Tomás de Aquino no século XIII:Tudo o que se move é movido por outra coisa. Ora, se aquilo pelo qual é movido por sua vez se move é preciso que também ele seja movido por outra coisa. Mas não é possível continuar ao infinito; senão não haveria um primeiro motor e nem mesmo os outros motores moveriam, assim como o bastão não se move se não for movido pela mão. Portanto, é preciso chegar a um primeiro motor que não seja movido por nenhum outro.
4- Graus
Não poderia haver “melhor” sem um parâmetro de perfeição. Os próprios graus de perfeição presentes na natureza nos levam ao conceito de perfeição absoluta. Anselmo, filósofo da Idade Média, nos lega: “Se não se pode negar que algumas naturezas são melhores do que outras, a razão nos convence que há uma tão excelente que nenhuma outra haverá que lhe seja superior. De fato, se essa distinção de graus prosseguisse ao infinito, de modo que não houvesse um grau superior a todos, a razão seria levada a admitir que o número dessas naturezas é infinita. Mas como isso é considerado absurdo, deve haver necessariamente uma natureza superior, que não possa ser subordinada a nenhuma outra.”
5- A existência é uma perfeição
Descartes, no século XVII, afirma: a existência de Deus está implícita no conceito de Deus, do mesmo modo que está implícito no conceito de triângulo que seus ângulos internos são iguais a dois ângulos retos. A existência é uma perfeição. Deus tem que ter todas as perfeições. Portanto Deus existe.
6- Presença da idéia de Deus no homem
É impossível explicar essa presença de outro modo que não pela produção do próprio Deus, que por isso, deve ser considerado existente. Descartes afirma: “a causa deve ter , ao menos, tanta realidade quanto o efeito. Eu poderia ser a causa da idéia dos corpos, do céu, enfim, de tudo, exceto a idéia de Deus (substância infinita) ao passo que eu sou finito. Portanto deve haver uma substancia infinita sumamente inteligente e potente como causa da idéia que dela tenho.”
Segundo Pascal (1623-1662) não se pode adiar o problema de Deus e permanecer neutro diante de suas soluções. O homem deve escolher entre viver como se Deus existisse ou viver como se Ele não existisse. Se a razão não pode ajudá-lo nessa escolha, que ele considere qual é a escolha mais conveniente como se estivesse diante de uma mesa de jogo. Eis a famosa aposta do pensador francês que retrata bem as nossas possibilidades:
Se Deus existe e a Sagrada Escritura é verdadeira, sua crença vai dar-lhe infinita felicidade após a morte. Se Deus não existe, tudo o que você tem a perder acreditando n' Ele são os prazeres finitos de uma vida finita.
A roleta está girando, senhoras e senhores.
sexta-feira, 11 de setembro de 2009
Anúncio de oportunidade
Taj Mahal. Suíte das Índias.
Anúncio veiculado hoje, dia 11/09, no dia do último capítulo da novela “Caminho das Índias”.
quinta-feira, 10 de setembro de 2009
Com essa foto foi criado um anúncio para...
Meias Nur Die.
Desculpa aí, galera, a demora da revelação. Muito trampo, muito trampo.
Agora as três melhores ideias, na nossa opinião, foram:
"Reveja suas estratégias.www.administradores.com.br"
Dinheiro não dá em árvore.
Criação do Anônimo. Parabéns, Anônimo!
"Meia Calça Trifil. Você tem que ser transparente. Ela não."
Criação do João Marcelo. Valeu, João!
"Definitivamente, a sua meia-calça deve ter apenas uma função: deixar suas pernas mais bonitas." Like Legg's
Criação do Douglas Padilha. Boa, Padilha!
Valeu a todos que participaram!
segunda-feira, 7 de setembro de 2009
Filosofia de segunda
Deus pode conhecer?
Simplificadamente, não.
Antes de expor os porquês, precisamos delimitar o termo conhecimento.
Para Platão, conhecimento é opinião (crença) verdadeira justificada. Essa definição tripartite, apesar de inúmeras refutações, ainda sustenta-se como plausível. Conhecer X significa um procedimento capaz de fornecer algumas informações verificáveis sobre X, ou seja, algo que permita descrevê-lo, calculá-lo ou prevê-lo em certos limites. Diferente da simples crença, que é o empenho na verdade de uma noção qualquer ainda que não aferível.
Conhecimento não é saber fazer. Saber fazer é saber “como” (prático). Conhecimento é saber “que” (teoria, proposicional).
Voltando a pergunta inicial: independente da definição, o conhecimento sempre se dá na relação Sujeito – Objeto.
Por sujeito, entenda-se todo ser capacitado racionalmente.
Objeto é o fim a que se tende; a coisa que se deseja; o conceito pensado. É tudo aquilo que o sujeito é capaz de conhecer.
O próprio termo objeto dá uma noção de como se dá essa relação. Derivado de objetum, tem a mesma raiz etimológica de “objeção”. Daí, o conhecimento só é possível na contraposição Sujeito – Objeto.
O conhecimento pleno, absoluto, que necessariamente seria o de Deus (por ser perfeito), elimina a contraposição S-O. Pressupõe que Ele “penetre” no objeto. Sujeito e Objeto seria uma única coisa. Mas, sem contraposição, não há conhecimento.
O mesmo viés interpretativo ainda elucida-nos que Deus, por ser perfeito (completamente feito) não suporta “falta” em seu Ser. Assim como o “desejo” (o querer), conhecimento é carência, pois só é possível conhecer o que não se conhece. Um Deus carente ou incompleto é inconcebível.
Portanto, ou Deus elimina a contraposição necessária ao conhecimento (tornando-se objeto) ou admite sua carência e permanece na relação.
sexta-feira, 4 de setembro de 2009
Propaganda X Produto
Às vezes, antes de falar em estratégia e criação na comunicação, é preciso falar em verdade:
Sadia - Hot Pocket X-Burger
quinta-feira, 3 de setembro de 2009
quarta-feira, 2 de setembro de 2009
Guerrilha
A favela de Heliópolis - SP virou um campo de guerra ontem com pelo menos quatro ônibus e três carros incendiados. Esse foi o segundo dia de protestos contra a morte de uma jovem de 17 anos, vítima de uma bala perdida durante uma perseguição policial.
É pacabá!
Translúcido, transparente não.
E para se mostrar transparente, o Governo Federal lançou o "portal da transparência", no qual todo e qualquer cidadão pode acompanhar o destino do dinheiro público, a aplicação do dinheiro dos seus impostos. O quão transparente é o projeto eu não sei. O que não podemos negar é que a iniciativa é boa. Pelo menos é uma tentativa de tapar os milhares de buracos da ética na política.
Abaixo o comercial que convida o cidadão a acessar o site:
Pra quem se interessar: www.portaldatransparencia.gov.br
terça-feira, 1 de setembro de 2009
Twittada
Deu no G1: Famílias dos EUA aprendem a usar twitter e redes sociais para se comunicarem em casos de desastres.
No Brasil, aprendem pra escrever coisas do tipo: acordei às 07h e comi pão com manteiga.