segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Filosofia de segunda

O Governo é reflexo do povo ou o povo é reflexo do governo?

A aprovação ao governo Lula bateu seu próprio recorde de avaliação positiva. Segundo a última pesquisa do Datafolha, 70% dos brasileiros consideram o governo atual ótimo ou bom.

Temos um ótimo presidente, não?

Analisemos sem a lente sensacionalista da imprensa.

Até Lula subir as escadas do Planalto, tivemos 4 presidentes: José Sarney, que assumiu após a misteriosa morte de Tancredo Neves. Collor que assumiu em 1990 e renunciou em 1992, na tentativa de evitar um processo de impeachment. Assim, abriu as portas para o seu vice, Itamar Franco, que foi aclamado presiente em dezembro do mesmo ano. Em 1994 o governo Itamar lançou o Real que estabilizou a economia. Beneficiado pelo sucesso do plano, o ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso projetou-se e elegeu-se presidente no ano seguinte. Oito anos depois Lula chega ao poder, na sua quarta tentativa.

Somados à ditadura esses anos de turbulência, já se vão mais de 40 anos.

Cabe então a pergunta: vivemos, de fato, numa democracia?
Na Grécia Antiga, os cidadãos, em praça pública, tomavam as decisões que diziam respeito à pólis. Conceitos como Política e Ética eram indissociáveis. Governar, necessariamente, visava o bem comum.
Óbvio que eram outros tempos, as cidades eram infinitamente menores. Mas sequer resquícios desse sistema temos hoje.

Otimistas demasiados definiriam o nosso regime como uma democracia representativa, na qual os cidadãos elegem representantes em intervalos regulares, que então votam os assuntos em seu favor.
Deputados e senadores são o povo.
Nós, então, trabalhamos de terça a quinta, nos envolvemos em escândalos, corrupção, fraudes, lavagem de dinheiro e enriquecimento ilícito (como se a parte lícita não superasse em muito o necessário: gasolina, auxílio moradia, auxílio terno, etc.)
Nós, então, acatamos o digladio entre partidos em prol dos próprios interessses; aclamamos o fato do voto ser um dever e não um direito; vemos a honestidade como sublime, como virtude e não como pressuposto político.

Será que só nos resta assistir de camarote ao senhor Luis Inácio Pilatos da Silva lavar as mãos aos deleites legislativos?
Ele, que, com suas bolsas assistencialistas, faz dos mais pobres cárceres da esmola.
Ele, o mestre da retórica, que usa e abusa das frases de efeito que não passam de demagogia barata, de discursos vazios. Que, num momento de profunda crise, sequer um pronunciamento oficial faz, deixando a população em pânico, clamando por socorro, pela mão do pai.

A pulga fica atrás da orelha: teríamos, nós brasileiros, parâmetros para essa avaliação positiva? Mais que isso: teríamos condição de separar o positivo do negativo?

2 comentários:

Anônimo disse...

Questionamento oportuno, porém se os votos são de certa forma feitos por intuição... visto que a grande maioria dos Brasileiros não conhece seus deputados e senadores além do que vê na TV. O que espera de uma avaliação de Governo?
Não sei se o governo tem a nossa cara... Mas com certeza é o governo que merecemos.
A semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória.

Anônimo disse...

Em essência sim

Sim, infelizmente os políticos que nos representa é o nosso reflexo, independente do nível (municipal, estadual ou federal). É duro aceitar isso, mas é algo tão natural quanto o tão agraciado “jeitinho brasileiro”, ou a falta de comprometimento das pessoas em qualquer causa (ambiental, política, social), ou a anestesia social que ocorre em nosso país antes, durante e depois de carnavais, copas do mundo e outros eventos festivos. São comportamentos autômatos que se repetem em menor ou maior proporção.

Existe uma máxima que explica muito bem isso: “Se quiser conhecer alguém, dê poder a ele”. Acho difícil exigir ética de pessoas com tamanho poder nas mãos, sendo que esse foi transmitido (e não conquistado) desde a época das capitanias hereditárias, é só pesquisar que veremos todos os seus descendentes no Senado, daí vemos toda a podridão proveniente da merda da coroa portuguesa, os que não vieram dessa leva aprenderam muito bem com os “colegas de trabalho”. E como time que está ganhando (pelo menos a quem interessa) não se mexe, as coisas permanecem como estão, com todos os amortecedores sociais que temos, uma oferta de alimento com baixíssimo preço em relação a muitos outros países e um dos melhores sistemas de televisão pública do mundo, o “Soma” nacional é BBB, pão e circo na TV (rimou hein!!!)

Nosso país é muito fecundo e, ainda, oferece um amplo campo para a paciência popular. A solução para isso só virá por meio de um caos social que é praticamente impossível de acontecer. E não estou falando da ditadura mão leve que aconteceu aqui não.