segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Filosofia de segunda

Verdade: relativa ou absoluta?

Sofisma, um termo comum nos dias atuais, quer dizer raciocínio capcioso, feito com intenção de enganar. O que não se costuma saber é que ele é oriundo de uma corrente filosófica, a sofística, que exerceu forte influência nos tempos de Platão. Aliás, por muitos séculos, até recentemente, os sofistas eram renegados, vistos como demagogos e descompromissados com a verdade, devido às criticas de Platão e Aristóteles.

Ao contrário de Platão e das filosofias precedentes que buscavam a verdade última (o ser), os sofistas tinham por objetivo negar um critério absoluto para distinguir o ser do não-ser, o certo do errado.
Um dos seus principais expoentes foi Protágoras de Abdera. A base de sua filosofia está na máxima "O Homem é a medida de todas as coisas, daquelas que são por aquilo que são e daquelas que não são por aquilo que não são." Para ele medida significava juízo e as coisas são os fatos e as experiências das pessoas. O critério para a diferenciação torna-se cada homem.

O vento que sopra é frio ou quente? A resposta é relativa. Para algumas pessoas vai estar frio e para outras vai estar quente, dessa forma ninguém vai estar errado e a verdade vai estar em cada sujeito e no que ele pensa sobre sua experiência.

Se os homens são a medida de todas as coisas, por conseqüência, nenhuma medida pode ser a medida para todos os homens. O que vale para determinada situação pode não valer para outras.

Protágoras era um mestre da retórica. Dizia ele: “Sobre qualquer questão existem dois argumentos contrários entre si e perfeitamente defensáveis de ambos os lados”.

Ele ensinava técnicas e métodos para transformar um argumento fraco em forte e também a aptidão de fazer sobressair um ponto de vista sobre um argumento contrário.

Para ele não existe uma verdade absoluta assim como não existem padrões morais absolutos, o que existem são coisas mais oportunas, úteis e convenientes. O sábio é aquele que consegue distinguir o que é mais vantajoso e decente para cada situação. O sábio vai conseguir também convencer os outros a reconhecer essa qualidade superior e fazer com que eles a ponham em prática.

Os sofistas, de certo modo, inauguram o relativismo e o ceticismo, pois colocam em dúvida a possibilidade da verdade.

Temos então, no século VI a.C, duas vertentes diametralmente opostas: de um lado, o relativismo sofista e de outro a “verdade” platônica. E uma faca de dois gumes: se cada homem decide o que é bom e o que é mal, no limite, um assassinato, por exemplo, seria justificável. Por outro lado, a verdade absoluta de Platão impõe limites e padrões e, muitas vezes, sequer pode ser vislumbrada.

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