Filosofia e ciência
Do seu surgimento no século V a.C., com Tales, na Grécia, até o século XVI, a filosofia teve o ambicioso caráter de explorar as possibilidades do conhecimento. Todas as possibilidades do homem.
Ciências como física, química, biologia, história, política, ética, oratória, persuasão, etc., eram temas estritamente filosóficos. Um exemplo elucidativo é Aristóteles, cujo sistema abrangeu desde a análise da anatomia dos insetos, passando pelo estudo dos corpos celestes e culminando na Metafísica, que trata de conceitos complexos do SER.
Assim como se deu no surgimento da filosofia - passagem das narrações míticas para o especular racional - o cenário no século XVI começou a se transformar com a necessidade de um novo método de estudo.
Com descobertas importantes como a luneta, por exemplo, a física aristotélica não se sustentava mais em confronto com a experiência. Muitas teses, petrificadas por toda a antiguidade e medievalidade, são solapadas pela especulação moderna.
Nascia a Revolução Científica. Galileu e Descartes são nomes importantes desse período.
O projeto agora era o de domínio do homem sobre a natureza. E para se chegar a uma ciência capaz de dominar a natureza, era preciso seguir procedimentos diferentes dos teorizados na lógica aristotélica. Agora o saber tem que ser útil, um saber para poder.
Em certa passagem, Galileu cita textualmente: necessitamos de “novos preceitos de arquitetura para construir o edifício do saber.”
A ciência dos antigos, puramente contemplativa é estéril. É necessária uma nova ciência, orientada para a prática.
Com esses preceitos, Galileu concentrava-se apenas no que antes chamaríamos de ‘filosofia da natureza’, sem pretensões metafísicas. Para ele, os dados quantitativos são mais relevantes do que os qualitativos. Vislumbrava a possibilidade da plena inteligibilidade da natureza mediante a linguagem matemática. Surge o “cientista”.
Eis a origem da racionalidade técnica que, mais tarde, suscitaria sérios problemas para a humanidade, como a exploração desenfreada dos elementos naturais, e o “utilitarismo” intelectual que, em certo sentido, contribui para o atrofiamento do pensar.
Filosofia e ciência estão separadas desde então. E a cisão é cada vez mais eminente. Primeiro, as ciências “exatas” e "biológicas" se desgarraram da mãe. Mais tarde, no século XIX, com o surgimento das ciências “humanas” áreas como psicologia, ciências sociais, ciências políticas e antropologia se desmembraram. A própria filosofia se fragmentou. Filosofia da linguagem, filosofia da mente e filosofia da ciência são exemplos claros.
Seja como for, a filosofia (como um todo) ainda tem muita relevância e um campo vasto de atuação. Ela é o ponto de partida de qualquer ciência, já que se ocupa da generalidade. Uma tese filosófica tem que ser universal; aplicável ao todo. A ciência, ao contrário, se preocupa com o particular. Cria áreas do conhecimento que tratam determinados problemas de modo mais especializado. É o recorte das teses gerais da filosofia, pois trabalha com os casos que fogem da generalidade, confrontando-os com a experiência.
segunda-feira, 4 de maio de 2009
Filosofia de segunda
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