segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Filosofia de segunda

A criatividade em cena.

Simploriamente, poderíamos dizer que criatividade é imaginação posta em prática.
Mas o que é imaginação?
É a imagem em ação, ou seja, imaginação é dar movimento, criar imagens.
Quanto mais criamos imagens, forjamos situações em nossa cabeça, mais estimulamos a nossa criatividade.
É justamente com esses preceitos que trabalha o professor Valdemar Setzer, um dos mais obstinados críticos dos meios eletrônicos e o seu impacto sobre a educação, principalmente no que tange à televisão.
Segundo ele, a TV é maléfica, principalmente para crianças, pois as imagens chegam prontas, sem induzirem a qualquer esforço mental. A velocidade e o bombardeio constante de imagens impedem que o telespectador desenvolva qualquer tipo de raciocínio. No processo educativo, o aprendizado resulta de uma atividade interior, da associação de idéias, da contextualização daquilo que se aprende. Na TV, as imagens já chegam prontas e não exigem de quem as assiste qualquer esforço de associação, atuando, para o professor, como uma "antítese da educação".
Como a TV deixa a pessoa passiva tanto fisicamente (ações) quanto nos pensamentos, sobram os sentimentos. Tudo o que atinge os sentimentos de maneira emocionalmente forte e agitada é bem transmitido e atrai os telespectadores. Daí a transmissão ( e consequentemente a indução) à violência, desde os desenhos animados (terríveis para crianças, pois apresentam sempre uma caricatura do mundo) até crimes, passando por esportes excitantes ou violentos. Se uma cena bucólica, lenta, carinhosa, for transmitida, os telespectadores achá-la-ão "chata" e vão mudar de canal.

É o contrário do que acontece, por exemplo, na leitura de um romance. Com o livro, a criatividade é estimulada, já que o leitor é que forma as imagens, ao seu modo, ao seu tempo.

O computador também não escapa às criticas do professor, principalmente se usado por crianças.
“ O computadoor força um pensamento algorítmico, isto é, matemático, discreto, expresso por meio de uma lógica simbólica. Isso é altamente prejudicial às crianças, pois é próprio só de adultos. Ele acelera indevidamente o desenvolvimento intelectual das crianças e jovens. Observe-se uma criança usando um computador: ela está numa atitude infantil ou adulta? Como está em meu site: Deixem as crianças serem infantis, não lhes dêem acesso a TV, jogos eletrônicos e computador!"

Obviamente a internet é um grande avanço e uma riquíssima fonte de pesquisa. Mas justamente aí que pode morar o perigo. Se não utilizada com discernimento, a rede, pela facilidade de encontrar o que precisamos, nos exige menos esforço mental e isso pode atrofiar nosso instinto, nosso senso de busca. Além do mais, o relacionamento torna-se frívolo com o uso de bate papos, páginas de relacionamento, etc. Quantos amigos os adolescentes de hoje têm que sequer conhecem pessoalmente?
Isso é problemático à medida que o real e o virtual se misturam, aumentando significativamento a possibilidade de formar pessoas com sérios problemas de socialização.

Na contramão, uma matéria da Revista Veja do ano passado, exalta os beneficios dos meios de comunicação à educação.
Dizia um excerto da matéria: “As últimas descobertas da ciência dizem que o uso desses recursos na medida certa, ao contrário do que se pensava, pode ajudá-los a afiar a inteligência."

O que podemos extrair de tudo isso é que os meios de comunicação, como a maoiria do que existe, tanto podem ser usados para o bem quanto para o desvirtuamento. A TV pode e deve ser um instrumento educacional. Mas a busca brutal pela audiência massiva tem culminado numa programação de baixa qualidade, como reality shows, jornais sensacionalistas e todo tipo de futilidade, que imbecilizam cada vez mais a população.
Mas aí também cabe uma discussão: porque esse tipo de programação angaria tantos espectadores? A TV molda o espectador ou é o reflexo do pensamento da sociedade?

3 comentários:

Anônimo disse...

Penso que, assim como são os políticos são os meios de comunicação, em que a população tem o que merece ou faz por merecer. Preferindo um Realty Show ou invés de um livro ou justificar seu voto ao invés de comparecer ao seu dever cívico, aliás, aqui no Brasil política é papo de chato e "não se discute". O remédio pra isso é amargo e não acho devido comentar sobre isso agora.

Mas concordo também que a tv, internet e outros meios de comunicação possuem potenciais para o bem e para o mal. Mas ainda é complicado avaliarmos toda a situação, pois estamos no olho de um furacão tecnológico, onde o mp3, 4,5,6,7,8,9 ou 10 se transforma a cada semana, gerando mais interatividade com TVs digitais e futuramente sensoriais (rs), tornando conteúdo e emissor cada vez mais próximos do receptor, fazendo com que um albanês conheça as belezas da Serra da Canastra/MG ou o Pinguim de Ribeirão Preto/SP apenas com um click, tudo por um meio que, ainda, chamamos de internet, mas que futuramente chamaremos de "sei o que".

Anônimo disse...

Recentemente lí um artigo de uma revista médica americana, onde um estudo sobre obesidade e agressividade infantil em crianças de um a três anos de idade estavam ligadas ao hábito de ver TV.
O resultado desta pesquisa sugere que o hábito de ver TV superestimula e modifica o desenvolvimento normal do cérebro de uma criança. Entre os riscos foram citados a dificuldade de concentração,impaciência e confusão mental.
Mais não adianta fazer com que a criança deixe de ver TV, diminua, ou até mesmo aumente a quantidade de tempo em frente à TV ou computador.
Penso que o "ideal" seria os adultos selecionarem o que será visto pelas crianças, e que assistam junto com elas, e estimular as brincadeiras infantis, além da leitura é claro.

É Matheus, na minha época não era assim, nem a televisão existia, ou se existisse, era preto e branco. Não é mesmo?

JB

Anônimo disse...

Feliz ou infelizmente o avanço tecnológico e dos meios de comunicações já fazem parte de nosso cotidiano e pensar em privar nossas crianças e jovens de utilizá-los, seria oferecer uma visão distorcida do mundo.
Como afirmava John Dewey,“podemos ter fatos sem pensar, mas não podemos pensar sem ter os fatos”. O oferecimento do conhecimento à criança, ao jovem e também ao adulto é sempre privilégio e uma abertura de possibilidades para escolhas do que fazer com aquilo que descobrimos. Eis então o grande x da questão e a beleza de vivermos em um mundo tão vasto e com seres humanos complexos.
Um fator interessante, Matheus, é a questão da relação entre violência e TV. Chega a ser engraçado punirmos esse avanço tecnológico nesse sentido se refletirmos sobre os recursos utilizados antes de sua invenção. Observando canções conhecidas como “boi da cara preta, pega essa menina que tem medo de careta” ou ainda “atirei o pau no gato, mas o gato não morreu, dona Chica admirou-se do berro que o gato deu”...rs, será que tem algo de violento nisso ou a violência ainda é indução da TV? E os contos de fada? A própria história de Monteiro Lobato em o Sítio do Picapau Amarelo que tanto assistimos, lemos e imaginamos fazer parte de seu enredo, se observarmos com olhar crítico, reconheceremos valores importantes nas entrelinhas que são questionáveis.E as brincadeiras infantis??? “balança caixão, balança você, dá um tapa nas ‘costas’ e vai se esconder”.
Muito válido também esse questionamento sobre a audiência massiva de alguns programas e esse olhar critico deveria ser feito realmente desde a época da antiguidade, da conhecida política do pão e circo. Como poderia haver diversão em lutas que terminam em morte ao ponto de esquecerem dos problemas? Porque a explosão do Reality Show e o grande interesse na vida do outro esquecendo um pouco da nossa? E das novelas com os mesmo contextos, os mesmos mocinhos e vilões? Até que ponto nos preocuparemos mais com o outro do que com o nosso próprio crescimento intelectual e psíquico?
As questões são muitas e essa é uma missão que não podemos esquecer, mesmo que não tenhamos uma resposta concreta. Segundo o publicitário Roberto Dualibi "É muito mais criativo saber formular perguntas que encontrar respostas. Quanto maior o número de perguntas, maior a probabilidade de encontrar uma boa resposta”.