É tempo de filosofar.
Ao consultarmos qualquer dicionário, o termo Filosofia tem seu significado atrelado ao saber. Mais especificamente, amizade à sabedoria – em grego philos (amigo) + sophia (sabedoria). É consenso atribuir o cunho do termo a Pitágoras que certa vez, ouvindo alguém chamá-lo de sábio e considerando este nome muito elevado para si, pediu que o chamasse simplesmente de filósofo, isto é, amigo do saber.
Obviamente, essa definição é um tanto simplista, tanto que para alguns pensadores a filosofia sequer é definível.
Quando ouvimos falar em Filosofia, na maioria das vezes, pensamos em algo fora da realidade. Mas, voltando um pouco na linha temporal, vemos que não era bem assim. Até o século XVI, a Filosofia era “senhora” de quase tudo: física, metafísica (tudo além do físico: religião, por exemplo), política, história, ética, direito, etc. A filosofia era o próprio conhecimento humano. Aristóteles, por exemplo, o grande pensador que influenciaria todo o ocidente com a sua ética e metafísica, nos legou grandes descobertas sobre botânica e fisiologia.
A partir das revoluções científicas com Galileu, a filosofia perdeu seu "monopólio". Ao longo dos séculos seguintes ela foi desmembrada. Hoje, temos vários campos do saber filosófico, tais como filosofia da linguagem, filosofia política, filosofia da história, até mesmo a sociologia, a antropologia, e a psicologia.
Uma pergunta então torna-se inevitável: qual a papel da filosofia na contemporaneidade, nessa época de constantes transformações?
Para o jornalista João Pereira Coutinho, a filosofia é atemporal. Somente com ela os homens conseguem operar na claridade. A filosofia, mais do que revelar verdades, é um alicerce ao próprio existir humano, quer no plano coletivo, quer no individual.
Ela é a abertura do questionamento do mundo, processo contínuo em que a viagem é mais importante do que a chegada.
Para desembaçar a visão daqueles que reduzem Filosofia a história, trago um esboço dos conceitos de alguns dos muitos pensadores contemporâneos.
Primeiro, o francês Paul Virilio. Chamado de teólogo da Idade da Mídia, criou uma ciência para captar a essência da nossa era, a dromologia (dromos, em grego é corrida). Como para o capitalismo tempo é dinheiro, para ele velocidade é poder. Nesses moldes, não conseguimos ultrapassar os limites da superficialidade. Assim, a banalidade vem à tona e reverencia-se a “sociedade do espetáculo”, onde nada é; só parece ser.
Para o filósofo Baudrillard, o mundo seria aquilo que não se vê; a irrealidade; o não acontecimento (inclusive a tríade Matrix, não por acaso, foi baseada em um dos seus livros).
Já o pensador polonês Bauman fala em modernidade líquida. Um conceito que toma a água como metáfora da fluidez da vida: mal assimilamos um conceito e logo nos vemos reféns da necessidade de assimilar outro, assim numa seqüência sem fim. Numa segunda leitura, a água é a metáfora de nós mesmos, condenados a tomar a forma do recipiente.
Hoje, a filosofia é mais essencial do que nunca. Dentre as muitas funções sociais cabíveis a ela, podemos destacar a sua responsabilidade em construir os instrumentos para que o diálogo entre os homens, entre as tradições e entre as diversas formas de pensar nunca cesse.
A filosofia não pára, não parou e nunca parará.
Graças a nós!
segunda-feira, 22 de dezembro de 2008
Filosofia de segunda
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3 comentários:
Soh....
"Estão muito ocupados pra pensar" cantava Raul Seixas.
Viva a Filosofia!
Alguns teóricos determinam a arte como um dos principais fenômenos sociais que denunciam a realidade de uma época. Esse texto me faz pensar que a filosofia esta intimamente envolvida nessa busca.
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